Minissérie produzida pela UFMG em Tiradentes costura a memória dos mestres e mestras da região

Cinco episódios já estão disponíveis; vídeos retratam o cotidiano das comunidades e os ofícios tradicionais do Campo das Vertentes

Já está no ar o quinto episódio da minissérie Con(fiar): o fio que borda e costura a memória das mestras e dos mestres do Campo dos Vertentes, produzido pelo Campus Cultural UFMG em Tiradentes. Com previsão de reunir dez vídeos, o projeto, idealizado pelo servidor Jardel Santos, foi criado em parceria com a Fundação Rodrigo Mello Franco de Andrade (FRMFA). Os episódios já disponíveis podem ser acessados no canal do campus no YouTube

A série destaca as atividades tradicionais, o cotidiano das comunidades e os ofícios da região do Campo dos Vertentes. Mestres e mestras, ceramistas, produtores de queijo e cachaça, santeiros e escultores de arte sacra estão entre os personagens que contribuem para a preservação das identidades culturais dessa tradicional região de Minas Gerais. 

Nos cinco registros audiovisuais já lançados, foram contadas as histórias de Marcos e Mariana Paineira, netos do ceramista Tião Paineira – famoso por seus apitos, que lembram o canto dos pássaros de Tiradentes –, da benzedeira Dona Erci, de famílias que fabricam os queijos minas artesanais na região e do

O novo episódio focaliza as histórias narradas por José Trindade Xavier, o Zé Doceiro, filho de Chico Doceiro, conhecido pela produção dos tradicionais canudinhos de doce de leite e doces mineiros artesanais. 

Segundo Jardel Santos, para conhecer Tiradentes e as demais localidades da região do Campo dos Vertentes, habitada por mais de 500 mil pessoas, não basta só frequentar seus pontos turísticos – também é preciso saber quem são as pessoas que vivem no município e os seus saberes. "Os moradores colaboraram para a construção cultural de Minas Gerais e, por isso, não podem ser deixados de lado. Sem eles, a cidade se torna fantasma”, justifica. 

Ainda conforme o idealizador do Con(fiar), os próprios moradores contribuíram com a escolha dos personagens e de suas histórias. “O saudoso Tião Paineira, por exemplo, que teve sua história contada em nosso primeiro episódio, era bastante reconhecido em Tiradentes e região pelo seu ofício de ceramista. Ficamos sabendo que os seus netos deram continuidade ao trabalho, e, por isso, fomos até eles, não somente para que pudessem contar um pouco da história da família, como também para explicar como é manter o legado do avô”, justifica Jardel. 

Jardel ressalva, no entanto, que a produção da minissérie reuniu informações sobre outros residentes, ainda que não tão conhecidos quanto Tião Paineira, Zé Doceiro e Dona Erci. “Nossa intenção foi encontrar esses tesouros culturais espalhados pela região”, completa. 

Apoio

Para Santos, a realização do Con(fiar) somente foi possível devido ao apoio da direção do Campus Cultural UFMG em Tiradentes. “Nós temos um diálogo muito aberto, isso é muito bacana. Desde que o projeto foi proposto, recebemos incentivo para colocá-lo em prática”, afirma.

A professora Verona Segantini, coordenadora do Campus, explica que sempre procura desenvolver ações para integrar a equipe, já que a instituição tem várias frentes de atuação. “A equipe de Tiradentes, contando os servidores da UFMG e da Fundação, é fundamental para que os projetos sejam executados. Dessa maneira, é necessário oferecer total protagonismo para que essas pessoas desenvolvem as atividades culturais. Fazemos questão de acolher as iniciativas propostas”, explica. 

Segundo a coordenadora, é possível pensar em ações para garantir a longevidade do projeto, que está em sintonia com uma das diretrizes da Universidade em sua relação com as comunidades – promover diálogos entre as diferentes formas do saber.  “O projeto poderá ter diversos desdobramentos para além das produções audiovisuais. Vamos tentar mapear, registar, oferecer visibilidade. Aos poucos, encontraremos outras alternativas estratégicas para mantê-lo”, afirma. 

Jardel também destaca o desejo de dar continuidade ao Con(fiar) por meio da produção de novas temporadas. “Tiradentes vai muito além do patrimônio edificado. Temos orgulho de ouvir e a disposição de abrir espaço para o relato de diferentes vivências”, afirma. 

Atuação permanente e orgânica

Criado em 2011, o Campus Cultural UFMG em Tiradentes é uma iniciativa da Universidade coordenada pela Diretoria de Ação Cultural (DAC) juntamente com a FRMFA. Sua criação foi motivada pelo interesse da Universidade em tornar permanente e orgânica sua atuação na cidade, sede do Museu Casa Padre Toledo, do Quatro Cantos Espaço Cultural  e do Centro de Estudos e Biblioteca, todos mantidos pela UFMG. 

Em meio à pandemia de covid-19, foi necessário pensar medidas para dar continuidade às atividades culturais na cidade. Entre elas, estão as visitas virtuais ao Museu Casa Padre Toledo e o próprio projeto Con(fiar). “No período remoto, a equipe se aproximou mais para alinhar os projetos e formular estratégias para o meio virtual. Os espaços culturais tiveram de se reinventar e propor novas formas de interação com o público”, afirma a coordenadora. 

Texto de Ana Magalhães

Fonte

Assessoria de Imprensa UFMG