Nanoscópio desenvolvido na UFMG conquista Prêmio Péter Murányi 2024
Edição teve 144 trabalhos indicados por 78 instituições de ensino do país; projeto vencedor é coordenado pelo professor Ado Jorio, da Física
Um nanoscópio desenvolvido na UFMG foi o vencedor do Prêmio Péter Murányi 2024. A organização da iniciativa, que tem foco em ciência e tecnologia, anunciou os três vencedores na quinta-feira, 22 de fevereiro. Com o título Nanoscópio: a ciência e a tecnologia ampliando a realidade, o projeto apresentado pela UFMG e coordenado pelo professor Ado Jorio de Vasconcelos, do Departamento de Física, ficou em primeiro lugar.
O objetivo principal do projeto da Universidade foi desenvolver e produzir um nanoscópio – equipamento óptico que revela imagens na escala do nanômetro (medida 1 bilhão de vezes menor que o metro) – e que pode ser utilizado para o desenvolvimento da nanotecnologia. Entre as aplicações, está o estudo de materiais bidimensionais, como o grafeno, e de materiais de interesse da agroindústria, como os biocarvões. O instrumento já foi patenteado, e a tecnologia está pronta para ser transferida à indústria.
Na UFMG, o processo que culminou na criação do nanoscópio uniu pesquisadores dos programas de pós-graduação em Física, Engenharia Elétrica, Ciência da Computação e Inovação Tecnológica, além de profissionais da Matemática Computacional, Química, Engenharia Mecânica, Engenharia de Produção e Arquitetura. A primeira tese que tratou do assunto, em 2011, foi amplamente premiada.
Um artigo publicado na revista Nature dez anos depois, em 2021, foi tema de reportagem publicada no Portal UFMG. À época, o professor Ado Jorio explicou que o equipamento ajudaria a extrair informações como as estruturas vibracional e eletrônica do grafeno, o que é importante para entender as propriedades desse material, entre as quais, a supercondutividade. “A descoberta atesta a importância do papel que o nanoscópio terá para a pesquisa em diversos campos. A transferência da tecnologia renderá frutos para a ciência, em escala global, para a UFMG e para o Brasil”, afirmou.
No ano passado, unidade do equipamento desenvolvida pela empresa FabNS, sediada no Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC) e criada por egressos da UFMG, foi exportada para a Alemanha, centro de referência em instrumentação científica.
Outros premiados
O projeto da UFMG foi seguido dos projetos Reator sustentável: constituído por eletrodos de óxidos metálicos e células solares, para aplicações na descontaminação de água ou conversão de CO2 utilizando energia solar, da Unicamp, e Tecnologia para redução da evasão escolar, da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB).
O projeto que ficou em segundo lugar, coordenado pela pesquisadora Claudia Longo, pode ser aplicado para a remoção de contaminantes da água. Durante o experimento realizado como prova de conceito, a tecnologia se mostrou capaz de eliminar da amostra o antibiótico amoxicilina. Outro uso possível é a conversão de dióxido de carbono (CO2) em produtos de valor comercial, como o etanol.
O terceiro colocado, conduzido por Leonardo Souza, propõe uma solução de baixo custo, baseada em inteligência artificial, para identificar, precocemente, estudantes em situação de abandono escolar e mapear os motivos que os levam a deixar a escola. A estratégia foi testada em duas cidades da Bahia e se mostrou capaz de reduzir a evasão escolar pela metade.
O prêmio
Instituída em 1999, a premiação é promovida anualmente, com o objetivo de reconhecer e premiar trabalhos que, de forma inovadora e prática, contribuam para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Ao todo, a premiação oferece R$250 mil aos finalistas, além de troféu e certificado de reconhecimento público.
Na edição 2024, foram avaliados 144 trabalhos indicados por 78 instituições de todo o país. Os três finalistas foram escolhidos pela Comissão Técnica e Científica, composta dos professores Lucindo José Quintans Júnior (Universidade Federal de Sergipe), Luiz Eugênio Mello (Universidade Federal de São Paulo), José Oswaldo de Siqueira (Universidade Federal de Lavras) e Marco Antonio Bego (Universidade de São Paulo).
(Com informações de Agência Fapesp)