Newsletter do literafro UFMG chega ao número 50 com indicações de produções negras no Brasil
A Newsletterdo literafro – portal da literatura afro-brasileira, fruto do Grupo Interinstitucional de Pesquisa Afrodescendências na Literatura Brasileira da UFMG, chega ao número 50 de um percurso iniciado em julho de 2013, trazendo, trimestralmente, nesses quase 10 anos de edição, lançamentos importantes no âmbito da produção literária afro-brasileira. Neste número, é apresentado um conjunto de publicações que merece estar no horizonte de leitura de todas e todos aqueles que se dedicam à leitura e ao estudo das produções negras no Brasil.
A edição atual começa com o poderoso livro O pacto da Branquitude, de Cida Bento, a que se seguem as narrativas de Exuzilhar, da destacada escritora Cidinha da Silva; o elogiado quadrinho Mukanda Tiodora, de Marcelo D’Salete; as Cartas para minha avó, da ativista e pensadora Djamila Ribeiro; o necessário livro Maria Firmina dos Reis: vida literária, de Luciana Diogo, e a exposição Um defeito de cor, com curadoria da própria escritora Ana Maria Gonçalves, Amanda Bonan e Marcelo Campos, que está exposta no MAR, até maio de 2023.
Cida Bento
Um dos nomes de relevo do ensaismo negro contemporâneo, Cida Bento é também psicóloga e ativista brasileira, além de diretora do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades(CEERT), que atua na redução das desigualdades raciais e de gênero no ambiente de trabalho. Seu livro O pacto da branquitude apresenta a problemática racial no Brasil sob um ponto de vista pouco debatido, ou seja, sob a perspectiva das alianças construídas pelos brancos que são decisivas para a perpetuação do racismo e dos abismos que ele provoca, conforme aponta Luana Tolentino, em sua leitura atenta desse livro.
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Cidinha da Silva
Um dos grandes nomes da ficção contemporânea, já com muitos livros publicados, Cidinha da Silva possui um estilo ímpar, denso, pois alia com precisão as muitas linguagens que compõem o seu repertório como historiadora, editora, escritora e pesquisadora das vivências e das tradições afro-brasileira e africana. Em Exuzilhar, que motiva o estudo da pesquisadora e professora Cristiane Côrtes, temos acesso a temas como o racismo, a violência, a desigualdade social, a exploração do trabalhador, além daqueles que se associam propriamente ao pensamento sociocultural afrodiaspórico, como é comum aos escritos da autora.
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Marcelo D’Salete
Quadrinista, ilustrador e professor, consagrado pelos quadrinhos Angola Janga e Cumbe, ganhador do Prêmio Jabuti, em 2018, Marcelo D’Salete vem recebendo inúmeros elogios por seu trabalho. Aqui, o seu álbum Mukanda Tiodora recebe a leitura cuidadosa da colunista Carol Almeida, do Suplemento Pernambuco. Neste projeto, resultado de três anos de pesquisa, o autor ficcionaliza parte da experiência de uma mulher negra afastada do filho, do marido, e trazida ao Brasil como escravizada.
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Djamila Ribeiro
Autora consagrada por seus estudos sobre racismo, por sua presença ativa das redes sociais, Djamila Ribeiro, neste Cartas para minha avó – sobre o qual se debruça cuidadosamente a poeta e pesquisadora Heleine Fernandes –, propõe um diálogo epistolar com o passado, a partir da relação afetuosa vivida com a avó, Antônia benzedeira, na infância. Nessas epístolas, observam-se vozes coletivas e individuais, evocando a imagem e a presença dos griots africanos, num ritual de preservação da palavra e da memória daqueles que a cercavam.
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Luciana Diogo
Pesquisadora da obra de Maria Firmina dos Reis, Diogo vem se dedicando, desde o seu mestrado, à vida e à obra da poeta, contista e romancista maranhense. Maria Firmina dos Reis: uma vida literária, objeto de leitura da professora e pesquisadora Glauciane Santos, além de dar voz à escritora negra silenciada pelo racismo no séc. XIX, apresenta-nos Firmina dos Reis no âmbito pessoal, mas principalmente literário, informando ainda ao leitor as fontes de estudo que ensejam os debates sobre a romancista.
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Ana Maria Gonçalves
Autora do clássico Um defeito de cor, publicado em 2006, Ana Maria Gonçalves é motivo de uma bela exposição que acontece agora no MAR, no Rio de Janeiro (RJ). Aline Arruda, como visitante, nos fala sobre a sua experiência de ver o livro ganhar outra dimensão e forma: “são cerca de 400 obras numa coletânea que reúne pinturas, colagens, vídeos, esculturas, instalações, de artistas brasileiros e africanos, sendo a maioria formada por mulheres negras”.
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