Nível de escolaridade da mãe influencia na prática de atividade física de filhos adolescentes, aponta pesquisa da UFMG
A inatividade física na adolescência tem sido uma preocupação de pesquisadores e profissionais de saúde no Brasil e no mundo todo. Segundo dados da Pesquisa Nacional da Saúde do Escolar (Pense) que contou com 60.973 adolescentes do 9º ano do ensino fundamental das 26 capitais brasileiras e do Distrito Federal, 58% dos adolescentes são insuficientemente ativos e quase 90% possuem elevada exposição ao tempo de tela (corresponde à soma do tempo destinado a televisão, computadores e videogames), importante indicador de sedentarismo.
Com o objetivo de entender e buscar causas desse cenário, a pesquisadora Bruna Soares Faria apontou, em sua dissertação do curso de mestrado em Nutrição e Saúde da Escola de Enfermagem da UFMG, que a baixa escolaridade da mãe pode estar associada na prática inadequada de atividade física e no comportamento sedentário dos filhos adolescentes. “Nosso trabalho buscou entender a relação entre a escolaridade da mãe e a prática de atividade física e comportamento sedentário em escolares brasileiros. O interessante é que identificamos a atividade física por domínios, assim foi possível observar a associação da maior escolaridade materna com atividade física no lazer, nas aulas de educação física e no deslocamento ativo”, explicou Bruna.
Segundo a nutricionista, o sedentarismo e a inatividade física são fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis como a diabetes, câncer e hipertensão. Por isso, ela afirma que é importante entender todos os fatores que podem influenciar no aumento ou diminuição da inatividade física.
Quanto à influência da escolaridade materna nesse quesito, Bruna explica que a escolha por tratar desse tema se deu pela percepção de que o contexto do adolescente influi bastante em suas escolhas de vida. “É pertinente estudar a influência das pessoas que convivem em seu meio social, como pais, amigos, parceiros e irmãos, especificamente no grupo etário dos adolescentes, visto que é um grupo muito influenciado pelo ambiente e tendem a manter os hábitos aprendidos nessa fase durante sua vida adulta”, afirmou.
A pesquisa demonstrou que a maior escolaridade materna pode influenciar na adoção de hábitos saudáveis e não saudáveis de diversas formas, como suporte social, financeiro e encorajamento. Além disso, a escolaridade da mãe é um indicador direto de nível socioeconômico da família. Na dissertação, Bruna concluiu que jovens cuja mãe possui maior escolaridade tendem a praticar mais atividade física de forma geral, tanto no lazer, quanto na escola. Em contraponto, esses mesmos jovens apresentam tempo de tela maior que a recomendação de duas horas por dia e têm, também, menor taxa de atividade física no deslocamento.
A pesquisadora apontou algumas causas para esse cenário. “Primeiramente, as mães com maior nível de escolaridade tendem a ter maior conhecimento quanto aos benefícios advindos da prática de atividade física. Acrescenta-se a isso ainda o maior acesso a ambientes propícios para essa prática, por exemplo, aulas de dança e escolinhas de futebol”, pontuou Bruna. Quanto ao comportamento sedentário ‘maior tempo de tela’ apresentado por filhos de mães mais escolarizadas, foi apontada, pela pesquisa, a facilidade de acesso a equipamentos eletrônicos como televisão, notebooks e videogames pelo maior nível socioeconômico.
“É importante saber como a atividade física e comportamentos sedentários se comportam em diferentes níveis de escolaridade da mãe, para que a partir dos nossos resultados possamos observar grupos de riscos para possíveis intervenções, visando à redução do comportamento sedentário a aumento dos níveis de atividade física”, conclui Bruna, demonstrando a importância da pesquisa.
Tema: Associação entre escolaridade materna e prática de atividade física e comportamento sedentário em adolescentes brasileiros
Nível: Mestrado
Autora: Bruna Soares Faria
Orientadora: Jorge Gustavo Velásquez Meléndez
Programa: Mestrado Acadêmico em Nutrição e Saúde
Defesa: 6/03/2018
(Redação: Teresa Cristina- estagiária de Jornalismo - Edição: Rosânia Felipe)