No mês do Dia das Crianças, Centro Cultural UFMG produz podcast com residentes de projeto voltado à infância
No sétimo episódio do Podcast Residência Artística o bate-papo foi com o ator e pesquisador Gabriel Castro Cavalcante e com o professor, escritor, dramaturgo e diretor de teatro Juarez Guimarães Dias, parceiros no projeto Mutanti – Laboratório de pesquisa e criação e residentes do Centro Cultural UFMG em 2017 para a criação e desenvolvimento da Peça-jogo-festa #Criança. O trabalho tem como tema principal as relações entre gênero, identidade e brincadeiras na infância, destinados a crianças a partir de seis anos, seus pais e familiares.
Gabriel Cavalcanti conta que sempre teve interesse em realizar um trabalho voltado ao público infantil e o projeto Peça-jogo-festa #Criança parte muito de sua própria vida – história, vivências e infância –, que serviu de material dramatúrgico para o processo do trabalho. A vontade dele perpassava por proporcionar às crianças uma experiência de fato, um espetáculo em que elas pudessem participar efetivamente e pudessem viver uma experiência transformadora.
Assim surgiu a ideia de um jogo performativo, um tabuleiro em tamanho ampliado, um grande tapete onde as crianças performam. Segundo Gabriel, esse jogo não se repete e não há a menor possibilidade de as apresentações terem algum acontecimento igual ou repetido, a experiência sempre vai ser única. Esse formato contempla muito esse desejo que a criança viva uma experiência na qual ela performe a sua infância e é uma possibilidade infinita de abrir portas para a sua imaginação e sua criatividade.
O professor Juarez Dias relata que, ao longo de suas pesquisas, reuniram ideias de um teatro participativo/performativo. Eles buscaram nos jogos da cultura popular referências de brincadeiras até chegarem ao conceito de um jogo de tabuleiro e explica a dinâmica da competição lúdica: “as crianças são convocadas para uma aventura, que é encontrar a criança que o Gabriel foi um dia, uma criança que se perdeu no tempo. Então, esse tabuleiro é um mapa da infância dessa criança”, conta.
O jogo tem muitos desafios relacionados ao universo da infância e tornou-se um dispositivo para as crianças se manifestarem. Elas precisam responder às perguntas para obter uma pista e suas respostas revelam a singularidade entre elas. Para Gabriel, uma situação é executar o jogo em uma comunidade carente e outra para o público de classe média alta. As diferentes infâncias que se manifestam consistem nas referências dos acessos e privilégios que tiveram, onde nasceram, uma aula de karatê ou balé que frequentaram e até mesmo uma tampinha de produto de limpeza usada como brinquedo.
O jogo foi adaptado para o formato virtual, em função da pandemia e, pelo fato de não ter um limite geográfico, recebeu a participação de crianças do Brasil inteiro, tornando a experiência cheia de particularidades e encantos, diz Juarez. Gabriel se atenta para o desafio de tornar essa versão acessível, tendo em vista que o acesso à internet ainda é um privilégio. Muitas crianças têm acesso à internet somente nas próprias escolas e com as escolas fechadas não era possível realizar a atividade. A pandemia aponta uma questão estrutural muito séria, ao mesmo tempo que outras crianças dominam plenamente esse universo e apontam milhares de outras possibilidades. Eles estão muito otimistas para voltar ao presencial e agregar elementos do virtual, foram muitos ganhos, apesar de todas as dificuldades. Gabriel espera que a escuta continue predominando e que as crianças sejam as reais protagonistas.
Ouça o podcast na íntegra e conheça o potencial desse projeto: https://open.spotify.com/episo...
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O Podcast Residência Artística é um projeto que pretende disponibilizar mensalmente no Spotify conteúdos em áudio relacionados ao desenvolvimento da pesquisa e experimentação das artes visuais, dança, performance, teatro, música e literatura. A proposta surgiu para ampliar a programação on-line do espaço, oferecer ao público da internet uma discussão sobre o estudo das artes, além de dar visibilidade aos residentes da casa, que foram lançados em novas rotinas de pesquisa. Os convidados terão espaço para dialogarem sobre essa imersão, seus processos criativos, suas experiências, trajetórias, produções artísticas e resultados.
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