Obras ópticas de Fernando Correia provocam experiências do olhar em mostra no Centro Cultural UFMG
O Centro Cultural UFMG promove a exposição O movimento do olhar e Terra boa, do artista paulista Fernando Correia, com abertura nesta quarta-feira, dia 9 de novembro, às 19h. A mostra apresenta duas séries de uma técnica óptica desenvolvida pelo artista para ampliar sua investigação sobre o reflexo na arte concretista e neoconcretista brasileira. As obras poderão ser vistas até o dia 11 de dezembro. A entrada é gratuita com classificação livre.
Movimento do olhar
As colagens ópticas criadas provocam experiências do olhar aos espectadores, transmitindo a multiplicidade de percepções próprias do artista. Apesar de estáticas, pequenos deslocamentos, passos, recuos e aproximações corporais do visitante oferecem uma transformação de perspectiva das formas apresentadas. “Isso é o movimento do olhar”, explica Correia.
Composição
Terra boa são estudos de policromias por sutis neutralizações de cores puras. As cores criadas e empregadas por Fernando não são nem potentes nem neutras demais, são “boas”, segundo ele, e o matiz geral dessas obras é caramelo. Na série, há um jogo de composição entre formas maiores e menores, que rompe a estética serial-uniforme do artista.
“O trabalho que apresento tem camadas que se trespassam, dando protagonismo de composição do olhar aos visitantes. Uma obra muda de leitura com o caminhar e observação das pessoas”, diz o artista.
“A ideia é que sejam objetos de convivência. Que a cada nova visualização se descubra coisas diferentes em seus níveis. E, assim, que a memória do visitante seja ativada e o reencontro com uma obra querida seja renovador. Quero capturar a atenção das pessoas para um estado de êxtase visual”, complementa Fernando.
O surgimento da técnica
Fazer colagens ópticas nunca esteve nos planos do artista até 2012. Após iniciar pinturas abstratas baseadas em ‘Metaesquemas’, de Hélio Oiticica, Fernando recebe Paulo Fernando Correia em seu ateliê, seu pai e artista, com uma porção de materiais alternativos: adesivos automotivos, papéis artesanais, folhas de alumínio, glitter, lantejoulas, policarbonato, EVA, colas e géis artísticos especiais. Surgem, então, níveis tridimensionais vindos dos elementos formais empilhados e colados. Logo, luz e sombra ganham sentido na feitura dos objetos.
Inspirado em pós-concretistas como Arthur Luiz Piza e Abraham Palatnik, o artista se viu desafiado a dar uma resposta às instituições culturais que privilegiaram a arte Concreta, na década de 2000, em sua cidade natal, São Paulo. Procurando unir geometrismos com ritmos imperfeitos, padronizações irregulares e espaço para o ar em suas obras, sua intenção é que a mão do artista esteja presente, ao contrário da arte Concreta que retira o protagonismo do sujeito por meio da linearidade e simplicidade compositiva, sensação de ausência de toque do pincel. É como se dissesse a cada obra: mãos humanas passaram por aqui. Fernando é barroco. Seus trabalhos possuem artesania e rigor serial.
O artista
Fernando Correia (1982) é artista visual, pintor, desenhista, escultor e gravurista, além de fazer colagens ópticas. É bacharelando em Artes Visuais pela Faculdade Santa Marcelina (conclusão 2023) e formado em Publicidade e Propaganda (2007). Filho e neto dos artistas Paulo Fernando Correia e Mário Gruber Correia, dedica-se às artes desde os 14 anos de idade. Já montou um ateliê no litoral norte paulista onde pôde exercer pintura a céu aberto. Atualmente frequenta um sítio em Pedra Bela, SP, e parques de São Paulo, com a mesma finalidade. Possui uma banca na Feira de Antiguidades do vão do MASP onde expõe todo domingo. Dedica-se, também, às artes espontâneas (naïf) e participou de salões de arte de Santo André, Ribeirão Preto, Guarulhos, Resende, Praia Grande e Niterói, além de ter feito duas individuais na Funarte paulista.
Serviço:
Exposição O movimento do olhar e Terra boa – Fernando Correia
Abertura: 9 de novembro | às 19 horas
Visitação: até o dia 11 de dezembro
Terças a sextas: 9h às 20h
Sábados, domingos e feriados: 9h às 17h
Sala Celso Renato
Classificação indicativa: livre
Entrada gratuita