Resultados mostram predomínio evangélico e tendência conservadora

Intitulada A política na religião ou a religião na política?, dissertação de mestrado em Direito na UFMG apresenta as características dos políticos religiosos exercendo mandato na Câmara Municipal de Belo Horizonte na gestão 2017-2020. Dentre outros aspectos, a pesquisa verificou a ampla adesão a pautas políticas conservadoras e à defesa contra a interferência da política no credo dos parlamentares.

Segundo o autor e pesquisador do grupo de estudos Tempo, Espaço e Sentidos da Constituição, Daniel Antônio da Cunha, "a gente tende a analisar a religião na política. Temos um outro lado também, que é como a política adentra no campo religioso. Nesse sentido há a vinculação dos parlamentares religiosos com a política porque eles também reivindicam que a política tem mudado o aspecto religioso. Seria uma espécie de contra mobilização".

Para a realização do estudo, os 41 vereadores em exercício na Câmara foram considerados. Desses, 17 se declararam evangélicos, tanto pentecostais quanto protestantes tradicionais, 15 se apresentaram como católicos, nove como tendo mais de um religião, um espírita, dois ateus, um sem religião e dois não responderam. Daniel investigou todos os projetos levantados pelos políticos religiosos na Câmara de BH nos últimos três anos. 

Uma das descobertas foi o hábito que possuem de fazer projetos municipais em cooperação. Além disso, levantam mais propostas que os não religiosos, mas geralmente não promovem debates sobre elas. "Em âmbito das discussões em plenárias toda a conjuntura política ali se orienta para ganhar a pauta e não em aprofundar ou chegar a consensos mínimos, democráticos sobre os temas em questão", avalia Daniel.

Também foram solicitadas entrevistas com 30 vereadores da casa. 10 recusaram o pedido e um estava afastado por questões de saúde. A partir das respostas, o pesquisador concluiu que a motivação para entrar na política é moral, ligada a ações comunitárias e religiosas existentes antes da candidatura.

Dissertação: A política na religião ou a religião na política? Considerações sobre representação religiosa na Legislatura 2017-2020 da Câmara Municipal de Belo Horizonte
Autor: Daniel Antônio da Cunha
Programa: Programa de Pós-graduação em DireitoOrientadora: Maria Fernanda Salcedo Repolês