Pesquisa desenvolvida no Núcleo de Estudos em Produção de Suínos da UFMG é premiada em congresso internacional
Projeto que visa reduzir o estresse pós-desmame em leitões é resultado de trabalho de conclusão de curso de egressa do curso de Zootecnia
O desmame é um momento delicado no manejo de leitões. O comportamento dos animais neste período indica que a interrupção da amamentação é uma importante fonte de estresse. Com o objetivo de reduzir os efeitos deste momento, a pesquisadora da UFMG Thainara Pereira desenvolveu o trabalho Avaliação de imprinting sensorial no comportamento alimentar pós-desmame de leitões através de mapas de calor, que ficou em primeiro lugar no XI Congresso Latino Americano de Suinocultura, um dos principais congressos de Suinocultura da América Latina. O prêmio foi entregue na última quarta-feira, 8 de novembro.
A pesquisa foi apresentada pela autora em dezembro de 2022 como trabalho de conclusão do curso de Zootecnia da UFMG, oferecido no Instituto de Ciências Agrárias (ICA) em Montes Claros. O experimento foi realizado nas instalações de maternidade e creche do Núcleo de Estudos em Produção de Suínos (NEPSUI), na Fazenda Experimental Professor Hamilton de Abreu Navarro (FEHAN) do ICA da UFMG, que completa 55 anos nesta segunda-feira, 13 de novembro.
O experimento
Para o desenvolvimento da pesquisa, foram utilizados 48 leitões (24 machos castrados e 24 fêmeas), divididos entre dois tratamentos. Durante a lactação, todas as porcas receberam um mesmo palatabilizante na ração. Ao desmame (24 dias) os leitões foram pesados e distribuídos entre os tratamentos para o experimento de creche. Dois cochos semiautomáticos foram disponibilizados para possibilitar a escolha da ração dentro da baia.
No início de cada semana, os comedouros e os palatabilizantes eram invertidos e isto foi realizado por seis semanas. Dois tipos de palatabilizantes foram fornecidos, um controle (com um palatabilizante diferente do oferecido às porcas) e outro com o mesmo fornecido para as porcas durante a lactação.
Os leitões foram filmados durante 24h por dia com câmeras instaladas em cima das baias. Para avaliar a frequência de atividades por imagens, o uso de tecnologia de mapas de calor foi implementado através de algoritmos de detecção de movimento para mapeamento de movimento (coloração vermelha mais escura indica maior frequência de presença).
A partir da análise dos dados, foi possível constatar, já desde as primeiras horas pós-desmame, uma maior preferência alimentar pela ração do comedouro que continha o palatabilizante fornecido às porcas. O estudo mostra que os animais são capazes de estabelecer vínculos sensoriais e o imprinting sensorial pode ser eficaz em estimular o consumo de ração dos leitões durante a fase de creche e amenizar o estresse causado pelo manejo do desmame.
Reconhecimento
Hoje mestranda em Nutrição de Monogástricos na Universidade Federal de Lavras, Thainara Pereira vê a premiação como um incentivo para seguir como pesquisadora. “Receber esse prêmio é de grande importância para mim, nosso estudo foi realizado quando eu ainda estava na graduação. E não só eu, como todo grupo ser reconhecido no maior congresso de suinocultura é muito gratificante. Serve de impulso para que eu siga no caminho da pesquisa, em que colher bons resultados de todo esforço e empenho é muito satisfatório. Sou muito grata à UFMG e ao NEPSUI por proporcionar esse feito, e que juntos possamos receber mais prêmios ao longo da minha trajetória”, comemora.
A pesquisa foi feita sob orientação do professor Bruno Silva e contou com a colaboração do Departamento de Engenharia Eletrônica da UFMG em Belo Horizonte por meio do professor Walmir Caminhas. “Receber este prêmio é de grande importância tanto para a nossa unidade acadêmica quanto para a UFMG e o próprio NEPSUI. Ele mostra a qualidade do trabalho que desenvolvemos na instituição. O nível da tecnologia que se tem hoje em nosso Núcleo nos dá um diferencial muito grande em relação a outras instituições de pesquisa que também abordam estas mesmas áreas de trabalho. É uma comprovação da qualidade dos trabalhos que a UFMG desenvolve”, afirma o professor Bruno Silva.