Pesquisa pioneira na Escola de Veterinária da UFMG identifica patógenos eliminados por répteis pet

A domesticação de répteis é uma prática em crescimento, mas que levanta uma série de dúvidas. A partir disso, um projeto pioneiro da Escola de Veterinária da UFMG, iniciado em 2016, se dedicou a analisar os agentes eliminados por esses animais com o intuito de constatar se eles são ou não prejudiciais aos humanos. 

 Os pesquisadores descobriram que répteis podem carrear agentes bacterianos como Salmonella spp., Escherichia coli, Clostridium difficile e Clostridium perfringens. Esses patógenos são potenciais causadores de infecções, sendo alguns associados à diarreia. A variedade de Clostridium difficile detectada nas amostras, por exemplo, coincidiu com as de agentes que causam infecção em pessoas em ambientes hospitalares.

Carolina Pantuzza, aluna da Escola de Veterinária e uma das responsáveis pela pesquisa, alertou que “os répteis podem ser considerados potenciais reservatórios, já que mesmo saudáveis podem carrear os patógenos de forma assintomática e transmiti-los para os seres humanos”. 

As pesquisas acometeram tanto animais domiciliados quanto os de vida livre, mas não foi percebida nenhuma diferença marcante entre eles no relativo ao padrão de eliminação de agentes patogênicos. A alerta da pesquisa é direcionada, contudo, aos répteis pet, já que esses são os que oferecem um maior risco aos humanos devido ao contato direto.

A coleta do material para análise foi feita principalmente por meio de swab cloacal. Um objeto estéril, semelhante a um cotonete (swab), é inserido na cloaca do animal, a amostra coletada é homogeneizada em solução estéril e conduzida refrigeradamente para o laboratório. A partir da solução obtida, há uma liberação de microrganismos que são isolados em meios de cultivo específicos para cada uma dos agentes e posteriormente analisados.

O professor do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva, Rodrigo Otávio Silva, frisou que o motivo do estudo não é condenar a criação de répteis como pets, mas alertar sobre possíveis riscos. “A ideia desse trabalho é identificar se há algum risco além dos já conhecidos, como é o caso da Salmonella, e alertar sobre cuidados no manejo desses animais, principalmente pelos grupos de risco”.  Rodrigo cita que humanos saudáveis dificilmente serão contaminados pelos patógenos, mas que pessoas dentro de um grau de maior vulnerabilidade, como crianças, idosos, imunodeficientes, grávidas e transplantados, devem tomar uma série de precauções.

Um manual resumido sobre o “Manuseio Seguro de Répteis e Anfíbios para Animais de Estimação”, disponível no site Centro de Controle e Prevenção de Doenças, chama a atenção para os seguintes cuidados:

· Sempre lave bem as mãos depois de manusear répteis/anfíbios e qualquer coisa na área onde eles vivem ou vagam, como seus habitats, alimentos ou equipamentos. 

· Répteis e anfíbios não são recomendados para crianças menores de cinco anos, isso inclui nas residências ou nos ambientes escolares. Crianças com menos de 5 anos de idade, pessoas com sistema imunológico debilitado e idosos não devem manusear, tocar nesses animais ou em seu ambiente porque estão em maior risco de serem acometidos por doenças graves e hospitalização por Salmonella. 

· Mantenha os répteis/anfíbios e seus equipamentos fora da cozinha ou em qualquer lugar da casa onde a comida é preparada, servida ou consumida. Nunca use áreas de preparação de alimentos para limpar habitats de répteis/anfíbios ou qualquer coisa de seus habitats. Esses itens devem ser limpos fora de sua casa. Se você limpar o habitat do animal no banheiro, limpe e desinfecte a área imediatamente depois. 

· Não contamine cruzadamente! Você não precisa tocar um réptil/anfíbio para ser contaminado por seus germes. Esteja ciente de que qualquer alimento de réptil, como roedores congelados ou vivos, equipamentos e materiais, incluindo a água do tanque, pode estar contaminado com Salmonella e outros germes. 

· Não beije ou aconchegue-se com répteis e anfíbios porque isso aumentará o risco de ficar doente.

Também está disponível no site um manual de manipulação segura dos alimentos que serão ingeridos pelo réptil, já que eles também podem ser potenciais causadores de doenças. As instruções podem ser acessadas no link: https://www.cdc.gov/healthypet...

Assessoria de Imprensa UFMG

Fonte

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