Pesquisador da UFMG é selecionado para encontro com vencedores do Prêmio Nobel
Thomaz Pinotti Barbosa e outros 600 jovens pesquisadores assistirão a palestras e se reunirão com 40 expoentes da ciência mundial
O doutorando Thomaz Pinotti Barbosa, que participa de um programa na modalidade de cotutela da UFMG com a Universidade de Copenhagen, foi um dos selecionados para o encontro com vencedores do Prêmio Nobel. O encontro, que visa promover o intercâmbio científico entre diferentes culturas e gerações, ocorrerá de 25 a 30 de junho na cidade de Lindau, na Alemanha.
Os temas do encontro têm se alternado nos últimos tempos entre medicina, química e física. Neste ano, as discussões vão recair sobre o Prêmio Nobel de Medicina. A escolha dos jovens cientistas convidados foi feita pelas academias nacionais, cabendo à Academia Brasileira de Ciências (ABC) a escolha dos representantes do país, seguindo os critérios estabelecidos pela Fundação Lindau.
DNA de povos antigos
Thomaz Pinotti Barbosa graduou-se em biologia na UFMG, onde também concluiu o mestrado em genética sob a orientação do professor Fabrício Rodrigues dos Santos, do Departamento de Genética, Ecologia e Evolução do Instituto de Ciências Biológicas (ICB). Pinoti está cursando o doutorado na modalidade de cotutela, que lhe permite realizar a tese sob a responsabilidade de dois orientadores, um no Brasil e outro no exterior. No país, ele continua sob a orientação do professor Fabrício e, na Universidade de Copenhagen, na Dinamarca, é orientado pelo professor Eske Willerslev.
Desde o mestrado, Thomaz Pinotti dedica-se à história genética das populações nativas americanas, particularmente as da América do Sul. Ele pesquisa o uso da tecnologia do DNA antigo e a extração de DNA de materiais arqueológicos tanto de objetos antigos quanto de ossos e outras amostras de partes do corpo humano. "Meu foco é a América do Sul e o uso do DNA antigo para entender o que aconteceu antes de 1492, quando os europeus chegaram ao continente", explica.
Na terra de Lund
A ideia de fazer o doutorado em cotutela surgiu porque a Dinamarca conta com laboratórios de vanguarda para o estudo de DNA antigo. "Peter Lund, considerado o pai da arqueologia e da paleontologia brasileira, era dinamarquês. Ele viveu muitos anos no Brasil, na região de Lagoa Santa, mas sua coleção de peças foi enviada para a Dinamarca depois de seu falecimento. Por isso, o país é referência nesse tipo de estudo", conta.
Um dos estudos realizados pelo pesquisador durante o doutorado foi o sequenciamento do primeiro genoma humano de Pompeia, região que hoje é considerada um sítio arqueológico importante para pesquisas sobre o Império Romano. O trabalho, materializado por meio da análise de dois corpos preservados por cinzas de erupção vulcânica, revelou uma diversidade genética que não era observada em indivíduos italianos nos dias atuais, o que indicava uma variabilidade genética até então desconhecida.
Aprender com os melhores
Para o jovem pesquisador, o evento com os laureados do Prêmio Nobel será uma oportunidade de manter contato com pessoas que são referência no fazer científico. "Eles trilharam caminhos especiais na ciência e poder ouvir o que têm a dizer e a ensinar é muito motivador. Uma pessoa sozinha não é capaz de transformar a ciência, mas essas pessoas fizeram parte dos grupos que realizaram as grandes descobertas, então elas representam o progresso científico. Escutá-las nos ajuda a entender como a ciência funciona e a nos localizarmos no mundo da pesquisa."
Além de Thomaz Pinotti Barbosa, integram o grupo de brasileiros convidados para o encontro Francisco Isaac Fernandes Gomes, da Universidade de São Paulo (USP), Gustavo Rosa Gameiro, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Taissa de Matos Kasahara, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), e Júlia Teixeira de Castro, que cursa o doutorado na USP, mas graduou-se em biomedicina e fez mestrado no ICB, na UFMG. Atualmente, Júlia Teixeira estuda doenças infecciosas e produção de vacinas, tendo participado do desenvolvimento de imunizantes contra a doença de Chagas e contra a covid-19 no CTVacinas da UFMG.
(Texto de Luana Macieira)