Pesquisadoras da UFMG lançam livro sobre cultivo e manejo da Rosa-do-Deserto nesta quarta-feira
A publicação, organizada por professoras do ICA, reúne informações com base em resultados de pesquisas sobre a planta ornamental
Uma planta conhecida pelas suas características singulares. Ao longo de sua estrutura, o caule parece moldado à mão, num movimento que inicia em sua base farta e arredondada, como balões cheios de água. As flores abundantes e em cores vivas contribuem para o aspecto diferenciado que faz com que essas plantas pareçam ter saído da ilustração de livros de contos de fadas. A Rosa-do-deserto, planta ornamental apreciada por paisagistas e amadores, é a protagonista de livro organizado por pesquisadoras do Instituto de Ciências Agrárias (ICA) da UFMG. O lançamento on-line da publicação será nesta quarta-feira, dia 18 de agosto, às 19h, pelo YouTube.
O e-book Cultivo e Manejo da Rosa-do-deserto reúne, em nove artigos, resultados de pesquisas sobre a planta, desenvolvidas no campus da UFMG em Montes Claros e em outras instituições de pesquisa brasileiras. Entre as informações disponíveis estão aspectos botânicos, procedimentos para a produção de plantas com alto padrão de qualidade, questões legais de sua produção e também traz orientações práticas do cultivo e propagação de mudas, controle de pragas, entre outros assuntos.
Publicado pela Brazilian Journals Editora, o e-book foi organizado pelas professoras do ICA Silvia Nietsche e Elka Almeida e pela aluna de doutorado em Produção Vegetal Rosane B. Mendes. De acordo com a professora Sílvia, há uma carência de bibliografias sobre a espécie do Brasil, o que tornou oportuna a publicação, que está disponível gratuitamente no site da editora. Parte das informações compartilhadas é resultado da pesquisa para a tese de doutorado de Rosane Mendes, especialmente nos capítulos que tratam sobre melhoramento, botânica e manejo de pragas e doenças.
De acordo com a professora Sílvia, a Rosa-do-deserto é uma espécie com grande potencial para floricultura ornamental no país, que teve forte aceitação popular, sendo escolhida até como foco central de grupos específicos e profissionalizados de criadores e colecionadores. “Isso ocorre em virtude da beleza da planta, a variação das cores das flores e aquele caule abundante. É uma espécie exótica, que acabou se adaptando muito bem ao nosso clima por ter origem em áreas desérticas e regiões áridas com altas temperaturas”, comentou.
Sílvia Nietsche explica que a estrutura espessa do caule funciona como uma reserva da planta, associada à sua resistência à seca. São muitas espécies do gênero Adenium, com distribuição predominante na África subsaariana e no sul da península arábica. Comercialmente, a espécie descrita no início deste texto (A. obesum) tem melhor aceitação, o que contribuiu para sua ampla distribuição.
Interesse farmacológico
Fato curioso sobre a planta abordado no livro é o uso tradicional de algumas espécies na África e no Oriente Médio. A publicação relata a utilização da seiva leitosa e outras partes da planta como veneno e também para tratamentos na medicina tradicional.
Parte do potencial medicinal da planta foi foco de estudos que comprovaram uma série de atividades biológicas, como são chamados os efeitos benéficos ou adversos de compostos químicos. Atividades anticâncer, antiviral, bactericida, antioxidante, entre outras, já foram comprovadas em pesquisas científicas. No entanto, os autores destacam a importância de novos estudos para avaliar e experimentar formas seguras de uso destes componentes, especialmente pela alta toxicidade da planta.