Pesquisadores da UFMG apontam caminhos para a redução de emissões de gases com retorno financeiro
Dimensões tecnológica, socioeconômica e financeira devem ser consideradas visando à eficácia das políticas públicas
O aproveitamento energético em aterros sanitários, compostagem e reciclagem seria uma das medidas mais eficientes para auxiliar no cumprimento dos compromissos climáticos de Minas Gerais – gerando, ao mesmo tempo, retorno financeiro. Esse é um dos apontamentos feitos por professores e pós-graduandos em Análise e Modelagem de Sistemas Ambientais da UFMG, em relatório no qual discutem políticas públicas para o setor de resíduos sólidos, visando à redução de emissões de gases do efeito estufa (GEE).
Intitulado A relevância do setor de resíduos sólidos em Minas Gerais no cumprimento dos compromissos climáticos, o trabalho foi recentemente publicado no portal do Centro de Sensoriamento Remoto (CSR), que é vinculado ao Instituto de Geociências (IGC) da UFMG.
“Para garantir a efetividade das medidas de redução de emissões de GEE, é necessário um planejamento estruturado, a partir de metas de curto, médio e longo prazo, alinhado com as demandas sociais e os contextos dos diferentes municípios", afirma a estudante Cláudia Albuquerque, uma das autoras. O relatório é assinado também por suas colegas Ana Carolina Mendes dos Santos e Bruna Soares Giuimarães e pelos professores Alessandra Silva Araújo, Argemiro Teixeira Leite Filho e Britaldo Soares-Filho.
Ações coordenadas
Utilizando a metodologia da curva de custo marginal de abatimento (MACC), os pesquisadores demonstraram a viabilidade dos investimentos em reciclagem, compostagem, logística reversa e aproveitamento em aterros sanitários.
O aproveitamento energético do biogás dos aterros sanitários, por exemplo, apesar de gerar menor retorno financeiro, é a ação de maior potencial na redução de CO2. A compostagem, segunda ação com maior impacto sobre a redução das emissões, favoreceria o aproveitamento da maior parte do resíduo orgânico produzido no estado.
A reciclagem figura em terceiro lugar entre as medidas redutoras de emissões. Além de reduzir o volume de resíduos nos aterros, aumentando sua vida útil, evita a utilização de recursos primários para a fabricação de novos produtos, economizando energia e recursos.
Para os pesquisadores, as medidas de mitigação das emissões devem ser tratadas com base em três tipos de análise: tecnológica, que envolve a infraestrutura e as melhores soluções disponíveis para tratamento e destinação final; socioeconômica, que considera, principalmente, IDH e o PIB; financeira, que leva em conta os custos e as potenciais receitas.
“Essas três análises, conjuntamente, devem compor os cenários de mitigação e adaptação. Já existem no Brasil muitas ferramentas de monitoramento das emissões e diversas tecnologias disponíveis para o tratamento dos resíduos. É preciso vontade política, legislação rigorosa, incentivos econômicos e articulação coordenada entre as diferentes pastas para que as medidas sejam efetivamente implementadas”, defendem os pesquisadores.