Pesquisadores da UFMG investigam fatores associados ao aumento do consumo de cigarros durante a pandemia da covid-19
Medidas de distanciamento social adotadas em diversos países para diminuir o impacto da pandemia de Covid-19 podem acarretar efeitos indesejáveis sobre a saúde e o comportamento das populações. Pesquisadores da UFMG, Fundação Oswaldo Cruz e Universidade Estadual de Campinas realizaram um estudo com cerca de 45 mil indivíduos que apontou prevalência de fumantes de 12% e aumento no consumo de cigarros de 34%. Do total de pessoas que aumentaram o consumo de cigarros, 6,4% aumentaram até 5 unidades por dia, 22,5% cerca de 10 por dia e 5,1% 20 ou mais por dia.
A professora da Escola de Enfermagem da UFMG, Deborah Carvalho Malta, explica que o estudo objetivou investigar o comportamento de fumar na população adulta brasileira durante a pandemia de covid-19 e analisar os fatores associados ao aumento do consumo de cigarro. Ela relata que esse aumento foi maior nas mulheres entre 18 a 39 anos de idade e entre indivíduos com o Ensino Médio incompleto. “O aumento do consumo de cigarros esteve associado à piora da qualidade do sono, sentir-se isolado dos familiares, triste ou deprimido, ansioso, ficar sem rendimentos e pior avaliação do estado de saúde”.
Diante disso, os pesquisadores concluíram que ações de promoção da saúde direcionadas à adoção ou manutenção de comportamentos saudáveis, como mensagens direcionadas em mídias sociais e orientações pelos profissionais de saúde, especialmente da atenção primária à saúde, devem ser usadas para aliviar os sofrimentos psíquicos e os comportamentos não saudáveis, como o tabagismo. “Além disso, estratégias para a prevenção do uso do tabaco e a promoção da cessação do fumo devem ser continuadas e reforçadas no período de vigência das medidas de distanciamento social, para que os ônus oriundos do consumo do tabaco não agravem ainda mais a situação de saúde da população no contexto de pandemia da covid-19”, ressalta Deborah Malta.