Professor do Departamento de Física da UFMG lança tradução de coletânea de poemas do francês Paul Valéry
Lançamento ocorrerá durante o Simpósio Arte e Computação – o impacto da computação na arte, no dia 13 de junho
Autor de quatro livros no campo da física e de duas compilações de poesias – Crepúsculo, poemas selecionados do escritor alemão Stefan George, e do autoral Discreto afeto, ambos publicados pela Editora Iluminuras –, o professor Eduardo de Campos Valadares se divide entre o trabalho como professor titular do Departamento de Física do Instituto de Ciências Exatas (ICEx) da UFMG e o prazer de fruir e de produzir literatura. Ele lança, no próximo dia 13 de junho, a coletânea bilíngue O azul e o mar, do poeta pós-simbolista francês Paul Valéry, coedição da Editora UFMG e da Ateliê Editorial. O lançamento integra o Simpósio Arte e Computação – o impacto da computação na arte, com início às 14h, no auditório B106 do Centro de Atividades Didáticas 3 (Cad 3), campus Pampulha. O evento é aberto ao público em geral.
Não é a primeira experiência de tradução poética empreendida por Valadares. Assim que retornou ao Brasil, em 1983, após um período na Alemanha, ele se interessou pela obra de Stefan George (1868-1933), da mesma escola poética de Paul Valéry – ambos foram influenciados pela expressão simbolista de Stéphane Mallarmé (1842-1898). Autodidata no aprendizado de idiomas, ele conta que a experiência de 14 anos dedicados à tradução do poeta alemão – que culminou com a publicação bilíngue de Crepúsculo, em 2012 – foi importante para a concepção do livro que lança agora. Contudo, sua nova experiência de tradução poética teve significativo suporte de recursos on-line, como dicionários de rimas e separadores automáticos de sílabas.
Valadares relata que a iniciativa surgiu da leitura de um poema de Valéry, O cemitério marinho, no momento em que ajudava a filha com atividades escolares. Para ele, a tradução que tinha em mãos, dos anos 80 do século passado, não refletia a dicção do poeta. Assim começou, sem grandes pretensões, a produzir a sua própria versão do poema em português. No contato com outros textos do autor extraídos da internet – toda a obra do poeta francês é de domínio público – continuou se arriscando a fazer recriações. Quando se deu conta, tinha uma antologia poética em mãos.
Tecnologia e criação artística
A experiência de produção do livro com a utilização de ferramentas disponíveis na internet e o desejo de conhecer diferentes perspectivas da utilização da computação para a composição artística resultou na organização do Simpósio Arte e Computação – o impacto da computação na arte, que reúne docentes de diferentes áreas do conhecimento para um debate sobre como a tecnologia digital pode ser uma ferramenta poderosa na criação artística, ao alcance de todos. Além do lançamento, o evento conta com a apresentação musical de Sérgio Freire, da Escola de Música, que também abordará as potencialidades da computação na prática musical.
A abertura do evento, apoiado pelo Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares (IEAT), será feita pelo professor emérito Virgílio de Almeida, do Departamento de Ciência da Computação do ICEx, que vai falar sobre os novos horizontes do campo e sua interface com a arte. Os agenciamentos técnicos e coletivos na imagem digital serão objeto da intervenção do professor Virgílio Vasconcelos, do Departamento de Fotografia e Cinema da Escola de Belas Artes. Os pesquisadores da Fale Adriana Pagano, Kicila Ferreguetti e André Rosa discutirão o uso de algoritmos na análise e recriação de textos. Além disso, o próprio Eduardo Valadares relatará sua experiência de tradução poética com o uso de ferramentas da internet.