Professoras da UFMG analisam dados sobre distúrbios osteomusculares

Dados indicam que mulheres apresentam mais distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho

A professora do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG, Ada Ávila, e Mery Natali Silva, da Escola de Enfermagem da UFMG, analisaram os dados da Pesquisa Nacional de Saúde (2013) do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística. Os resultados são os primeiros que se referem em âmbito nacional à uma doença ocupacional.

O artigo compõe o suplemento temático “Doenças crônicas não transmissíveis e inquéritos populacionais” da Revista de Saúde Pública, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, que vai ser lançado no auditório Maria Sinno, da Escola de Enfermagem da UFMG, esta quinta-feira, dia 1º de junho, das 13h às 17h.  O evento é aberto ao público e as inscrições podem ser feitas por meio do Centro de Extensão da Escola, pelo email cenex@enf.ufmg.br ou pelo telefone (31) 3409 9831.

Conhecido no Brasil como LER (Lesões por Esforços Repetitivos), o termo distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (Dort) foi adotado oficialmente em 1998, pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), por ser mais abrangente. Os sintomas de inflamação podem surgir por causa dos esforços de repetição e de outros fatores, como posturas estáticas ou posturas inalteradas durante a realização das tarefas. Por isso, o termo foi modificado oficialmente.

A pesquisa mostrou que as mulheres têm maior chance de adoecimento por Dort, com predomínio de 3,3% das entrevistadas, principalmente, entre 35 e 54 anos. De acordo com a professora Ada, uma das explicações para esse resultado é a diferença de atividades entre mulheres e homens, já que as mulheres predominam nos postos de trabalho em que são realizados movimentos repetitivos. “Se analisamos a composição da força de trabalho, às mulheres estão alocadas em empregos sem vínculo formal ou precarizados, mais do que os homens”. Além desses fatores, Ada explica, “é provável que o adoecimento tenha relação com os efeitos da divisão sexual no trabalho doméstico, socialmente atribuído às mulheres, que prolonga o tempo de atividade e diminui o tempo para a recuperação do desgaste profissional”.

Segundo a professora esse grupo de doença está em primeiro lugar no ranking de diagnósticos de doenças de trabalho. “De acordo com os registros da Previdência Social, na última década, os grupos com maiores prevalências de benefícios do tipo auxílio-doença foram doenças osteomusculares”, lembra Ada.

Dort no Brasil

Pela primeira vez foi realizado um estudo com abrangência nacional, por meio da Pesquisa Nacional de Saúde, que entrevistou tanto adultos com carteira assinada quanto trabalhadores com vínculos informais. “A situação da mão de obra informal dificilmente é conhecida pelas pesquisas tradicionais, que se concentram em grupos ocupacionais ativos, ou seja, encontrados nos estabelecimentos de setores produtivos específicos , por exemplo”, conta a pesquisadora Ada.

Os resultados da pesquisa indicam que 2,5% dos brasileiros relataram já terem sido diagnosticados, por algum médico, com Dort. A variação desse percentual foi de 0,2% no Acre e 4,2% em Santa Catarina. Entre as possíveis justificativas para esse diferencial, de acordo com a professora, pode ser a ausência de serviços não especializados para o diagnóstico de doença ocupacional.

Os dados também apontam que a exposição ao ruído no local de trabalho pode aumentar a chance de Dort, além da doença ser acompanhada, em muitos casos, por quadros como artrite e depressão.

Planejamento e prevenção

Ada explica que a informação é fundamental para formular políticas de saúde pública e de emprego. Desse modo, ao identificarem diferenças regionais sobre a percepção dos distúrbios osteomusculares o estudo permite o desenvolvimento de medidas capazes de transformar o cenário atual, como investir em serviços de diagnóstico em regiões com baixo diagnóstico.

“Os resultados sugerem pensar de forma articulada com os setores que priorizam ações destinadas às mulheres para efetivar o diagnóstico precoce e as medidas de prevenção para o adoecimento muscoesquelético”, conclui a pesquisadora.

(Texto produzido pela Assessoria de Comunicação da Faculdade de Medicina da UFMG)

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Fonte

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Serviço

Professoras da UFMG analisam dados sobre distúrbios osteomusculares

Dia 1º de junho de 2017

13h

Escola de Enfermagem da UFMG, auditório Maria Sinno - campus Saúde - Av. Alfredo Balena, 190, Santa Efigênia - Belo Horizonte