Professores da UFMG debatem sobre Inteligência artificial no Espaço do Conhecimento UFMG
A Inteligência Artificial (IA) está em toda parte. Ela é responsável por recomendar filmes, séries e músicas em plataformas de streaming e por traduzir palavras e até frases para outros idiomas, por exemplo. Esse conjunto de mecanismos e softwares, que ganhou muita atenção recentemente por conta de suas aplicações comerciais, começou a ser investigado entre os anos 1950 e 1960. É o futuro dessa tecnologia, no entanto, que pode fascinar uns e assombrar outros. Os robôs vão dominar o mercado de trabalho? Viveremos uma distopia? A IA vai revolucionar a medicina?
A proposta do Café Controverso de abril é justamente debater o que está por vir em um mundo no qual as máquinas estão, cada vez mais, inseridas no cotidiano das pessoas. Participam do evento o professor do Departamento de Ciência da Computação da UFMG Luiz Chaimowicz e a professora do Departamento de Psicologia da UFMG, Carmem Flores Prado. O evento ocorre no próximo sábado, dia 7 de abril, às 11h. A entrada é gratuita, e o público pode participar com perguntas e comentários. O Espaço do Conhecimento UFMG fica na Praça da Liberdade, 700. Para mais informações entre em contato pelo telefone (31) 3409-8350.
Abaixo textos sobre o tema produzidos pelos participantes do Café Controverso e publicados no Boletim UFMG 2001.
Inteligência Artificial
Luiz Chaimowicz*
Embora a Inteligência Artificial (IA) seja estudada, no meio acadêmico, desde meados do século passado, é nos últimos anos que ela tem ganhado muita repercussão na sociedade. Com o aumento da capacidade de processamento dos computadores, somado ao avanço dos algoritmos e à grande disponibilidade de dados, a inteligência artificial tem sido aplicada nas mais diversas áreas. Hoje em dia, sistemas inteligentes são capazes de, por exemplo, interpretar imagens, guiar carros autônomos, recomendar filmes, aplicar na bolsa de valores, postar notícias em redes sociais e derrotar seres humanos em diferentes jogos.
O que tais tipos de sistema têm em comum? Primeiramente, são sistemas capazes de tomar decisões de forma autônoma, ou seja, com base em dados de entrada e de eventual conhecimento prévio, os algoritmos de inteligência artificial são capazes de realizar diferentes processos de inferência e desenvolver ações sem a intervenção humana. Outra característica importante é a capacidade de aprendizado. Em geral, os sistemas de IA são capazes de alterar a sua forma de raciocinar e agir, aprendendo por meio de exemplos ou de reforços positivos e, com isso, adaptar-se dinamicamente a mudanças no ambiente no qual estão inseridos. Por fim, em alguns casos, esses sistemas devem apresentar um “comportamento humano”, ou seja, raciocinar e agir à semelhança dos seres humanos.
Essa última característica vem desafiando os pesquisadores desde que Alan Turing propôs, em 1950, o teste que ficou conhecido como “Teste de Turing”. Em linhas gerais, o objetivo é verificar se uma máquina é capaz de exibir um comportamento inteligente, equivalente ou indistinguível do comportamento do ser humano. Até hoje, nenhuma máquina conseguiu passar no Teste de Turing. Apesar de desempenharem diversas tarefas específicas de forma superior à do ser humano, os algoritmos de inteligência artificial ainda não possuem habilidades cognitivas equivalentes às do ser humano em seu dia a dia. A pergunta que fica: será que algum dia alcançaremos a tão sonhada e temida singularidade?
*Professor associado do Departamento de Ciência da Computação (DCC) da UFMG
Com emoção e afeto
Carmen Flores-Mendoza**
Já faz mais de um século que a psicologia científica tomou para si o desafio de esclarecer por que e como as pessoas diferem na sua capacidade de resolver problemas. Não é novidade para ninguém a observação de que há pessoas que respondem bem a instruções gerais, enquanto outras precisam de instruções detalhadas; há aquelas que absorvem informações com rapidez e outras que precisam de um tempo maior. Frente a ambiguidades, há pessoas que encontram ordem; outras se perdem.
Preservar a saúde, planejar o futuro, identificar oportunidades e direitos, escolher o ambiente social que nos favorece são decisões que demandam aquilo que chamamos de inteligência. O processo que nos leva à tomada de decisão é dinâmico, e, muito provavelmente, as investigações em neurociência trarão, em futuro próximo, informações das rotas neuronais percorridas por esse processo.
A inteligência artificial – conhecida também como inteligência aumentada – acompanha de perto essas investigações e tem sido bem-sucedida em fazer mais rápido aquilo que é predizível. No entanto, será muito difícil encontrar algoritmos que reproduzam a capacidade de lidar com o que não é predizível, porque, nesse ponto, a inteligência se une à emoção e ao afeto. Um encontro ainda pouco conhecido por qualquer ciência comportamental.
**Professora do Departamento de Psicologia da UFMG
Textos disponíveis aqui.