Projeto da UFMG é contemplado com recursos do Lemann Brazil Research Fund

FabLab quer ensinar cientistas a fabricar seus próprios equipamentos de pesquisa e ajudar a democratizar a ciência no Brasil

E se os cientistas brasileiros pudessem criar e fabricar seus próprios equipamentos de pesquisa para equipar os laboratórios do Brasil a baixo custo? Com essa motivação, os professores da UFMG Grace Schenatto Pereira Moraes e Márcio Flávio Dutra Moraes, ambos do Departamento de Fisiologia e Biofísica do Instituto de Ciências Biológicas, desenvolveram o projeto Construindo um Laboratório de Fabricação (FabLab), que visa democratizar a ciência e a educação no Brasil. A iniciativa, encabeçada pelo professor Venkatesh Murthy, da Faculdade de Artes e Ciências de Harvard-EUA, acaba de ser contemplada com U$150.000 pelo Lemann Brazil Research Fund.

“Um conceito que a gente precisava ter no Brasil é o Fabrication Laboratory. Ele cria protótipos aplicáveis dentro do laboratório, ou seja, soluções próprias para executar pesquisas que só ele faz”, explica o professor Márcio Moraes. “O propósito é tornar a ideia pública para que o pesquisador brasileiro não seja impossibilitado de avançar no conhecimento científico pela falta de recurso”, detalha. Potenciais produtos de mercado, com potencial de produção em grande escala, poderão ser encaminhados à iniciativa privada.

Outra ideia do projeto é capacitar os pesquisadores a desenvolverem suas próprias ideias e a terem a proficiência necessária para replicar o conhecimento adquirido dentro de sua comunidade científica. A previsão é de que isso aconteça por meio de treinamentos oferecidos dentro da UFMG e em centros de pesquisa de outros estados do Brasil, de acordo com a demanda. O recurso disponibilizado será aplicado na compra dos insumos para fabricação e testagem dos protótipos, remuneração de residentes pós-doutorais e organização dos eventos.

Doutor em Ciência e presidente da Sociedade Brasileira de Fisiologia, Márcio Moraes lamenta que “certos laboratórios de pesquisa no Brasil não estejam trabalhando na geração de conhecimento por falta da mínima infraestrutura para começar esse processo e que outros poderiam dar um salto qualitativo no tipo de investigação que fazem se tivessem acesso a certas tecnologias”. Para ele, iniciativas como a do FabLab podem criar condições para experimentos que ensinem, por exemplo, metodologia e epistemologia científica ao jovem pesquisador da graduação. 

Na avaliação do professor, o prêmio é consequência de uma história que vem sendo construída há vários anos. “Não é igual a ganhar na loteria. Não é sorte. É um processo lento instituído passo a passo, com muito trabalho”, considera. Para ele, o fato de estar na UFMG, onde o networking de pesquisadores com programas de outros países é incentivado, criou oportunidades cujos resultados estão sendo colhidos agora. “Nós estamos participando da mesa de discussão internacional de investimentos”, comemora lembrando que a conquista reflete também “um trabalho muito sério de internacionalização da produção de conhecimento feita pelo Brasil a partir de 2008”. 

Lemann Brazil Research Fund

Estabelecido em 2016, o Lemann Brazil Research Fund apoia pesquisas relacionadas ao Brasil em todas as áreas relacionadas à educação, bem como pesquisas em qualquer outra área disciplinar realizadas com um colega brasileiro.

Assessoria de Imprensa UFMG

Fonte

Assessoria de Comunicação Social e Divulgação Científica do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG

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