Quarta Doze e Trinta e Ao Cair da Tarde abrem programação de 2023 com espetáculo do curso de Teatro UFMG
Peça “Teatro à Venda . Comédias populares” é fruto de disciplina da graduação em Teatro e será apresentada também no Baixo Centro [En]Cena
No mês em que o Quarta Doze e Trinta completa 43 anos, o projeto estreia sua programação de 2023 com o espetáculo Teatro à Venda. Comédias Populares, no dia 12 de abril, às 12h30, na Praça de Serviços do campus Pampulha UFMG. O espetáculo também será apresentado no dia seguinte, quinta-feira, 13 de abril, no projeto Ao Cair da Tarde, às 17h30, também na Praça de Serviços, e ainda na sexta-feira, 14 de abril, no Baixo Centro [En]Cena, às 18h30, no Centro Cultural UFMG (Av. Santos Dumont, 174, Centro). Todas as apresentações são gratuitas.
Inspirado na ideia do teatro de feira, do teatro popular, o espetáculo Teatro à venda. Comédias populares traz um grupo de dezesseis artistas que precisam vender seu trabalho, ou seja, seu teatro, para viver. Os atores e atrizes apresentam, então, suas cenas como “amostras grátis". Se o público gostar, poderá, ao final da apresentação, fazer contato com a trupe no @teatroavenda e comprar suas cenas e performances. Mas, antes disso, ao final da apresentação, pode dar também alguma contribuição.
As cenas são inspiradas em quatro comédias do brasileiro Martins Pena, autor do século XIX: Judas em sábado de Aleluia, A família e a festa na roça, O caixeiro da taverna e O usurário. Com elas, são ressaltadas questões culturais e sociais brasileiras que são importantes de se apresentar, e também combater, como o patriarcado, o machismo, o racismo, a homofobia, a transfobia, a aporofobia (rejeição aos pobres), o autoritarismo e preconceitos ainda existentes na relação com a cultura e o teatro popular.
O espetáculo Teatro à venda. Comédias populares foi criado em uma disciplina do curso de Graduação em Teatro, chamada Prática de Criação Cênica, ministrada pela professora Bya Braga, que também assina a direção do espetáculo. “É um momento do curso no qual podemos realizar na atividade de ensino um diálogo mais estreito com a experiência da metodologia de pesquisa performativa. Em nossa experimentação, partimos de perguntas relacionadas à descolonização do teatro brasileiro, repercutindo em nós a discussão sobre a comemoração dos 200 anos de independência do Brasil, “ explica a professora.
“O chamado teatro colonial foi marcado no Brasil por referências estéticas do teatro literário europeu que, aqui, apropriou performatividades dos povos originários e escravizados com fins de colonização. No século XIX, a arte teatral dá sinais de busca de alguma independência do modelo teatral literário europeu, a inclusão da cultura popular brasileira, citando festas, folias, saberes tradicionais, dá sinais da busca de alguma ‘independência’ da arte teatral. Assim entendemos a obra do autor teatral brasileiro Martins Pena”, continua Bya Braga.
Formação de pesquisadores e professores-artistas
O curso de graduação em Teatro da UFMG tem como objetivo aprimorar os conhecimentos na área por meio da formação de artistas e professores da cena, profissionais que tenham habilidades de expressão e, também, de reflexão sobre a arte teatral. Dessa forma, o curso é composto pelo Bacharelado e a Licenciatura em Teatro e essas formações incluem o profissional pesquisador-artista cênico e professor-artista cênico, orientados também para o caminho da pesquisa na pós-graduação.
A graduação em Teatro é vinculada à Escola de Belas Artes (EBA) da UFMG, o que “permite que os estudantes dialoguem com outras artes e saberes, enfatizando a existência múltipla da composição teatral, seja pelo teatro com máscaras, objetos, bonecos, seja por um modo mais corporal ou mais ligado à performance visual ou, ainda, às poéticas tecnológicas, o que inclui aprender a atuar com o audiovisual, e até mesmo às artesanias de saberes tradicionais”, avalia a professora Bya Braga.
Além dos professores, o curso de graduação da UFMG conta também com técnicos específicos da produção teatral. Segundo Bya Braga, ainda não é comum a existência, nas universidades, de profissionais como técnicos em iluminação cênica, em cenotécnica (máscara, figurino e cenografia) e em vestuário cênico. Ela avalia que esses profissionais são imprescindíveis para uma formação de qualidade. “Os técnicos realizam atividades com habilidades específicas que são muito importantes para o assessoramento do ensino teatral, podendo também auxiliar em atividades de pesquisa e extensão cênica, em laboratórios específicos do Departamento. Gosto muito de trabalhar com os técnicos. São primordiais não somente em disciplinas como essa que gerou o espetáculo Teatro à venda, como em disciplinas iniciais e finais do curso, auxiliando diretamente os estudantes no ensino de conteúdos particulares que demandam, inclusive, atividades extra classe nos laboratórios.”
Universidade como produtora de cultura
A graduação em Teatro da UFMG produz, a cada semestre, vários espetáculos gratuitos abertos ao público em geral. “São muitas as pessoas que vêm ao campus Pampulha assistir aos nossos espetáculos, realizados em salas de aula, no auditório da EBA, adaptado como é possível à realização cênica, e também em espaços alternativos que inventamos no campus para apresentar nossos teatros” afirma Bya Braga.
São espetáculos desenvolvidos em disciplinas da graduação e também nos Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) do bacharelado. Entretanto, a Licenciatura em Teatro também produz espetáculos didáticos em seus estágios de docência, com públicos específicos. Essa grande e diversa produção artística e cultural é acompanhada pelos professores do Departamento de Artes Cênicas que atuam como diretores e orientadores dos espetáculos.
Essa produção “conquista o avanço no conhecimento da área, fazem divulgação artística e criam inovação também, não somente fomentando a cena teatral e cultural da cidade, como podendo sinalizar diferentes abordagens daquelas existentes no mercado da arte cênica” conclui a professora e ex-diretora da EBA.
Serviço:
Espetáculo Teatro à Venda - Comédias Populares
Concepção e Direção Geral: Bya Braga
Elenco: Amanda Fuchs, Annabelle Lithg, Carolina Perez, Dolly Piercing, Fabricio Policarpo, Isabella Saibert, Jake Macedo, Laura Lopes, Leticia Araujo, Lorena Braga, Maria Marta Cordeiro, N1cks, Ramon Frank, Tamires Dantas, Tereza Castro e Vinicius Sbampato.
Datas: 12 de abril, às 12h30, no Projeto Quarta Doze e Trinta - Praça de Serviços, campus Pampulha;
13 de abril, às 17h30, no Projeto Ao Cair da Tarde - Praça de Serviços, campus Pampulha;
14 de abril, às 18h30, no Projeto Baixo Centro [En]Cena, - Centro Cultural UFMG (Av. Santos Dumont, 174 – Centro).