Questão transexual na UFMG será tema de debate no Festival de Verão
Professor apresentará pesquisa, e servidora transmulher vai relatar sua experiência
“São poucos os estudantes identificados como transexuais na UFMG, mas suas trajetórias, de tão singulares, torna muito significativa a questão dos universitários com esse perfil”. Esta fala é do filósofo e professor adjunto da Faculdade de Educação (FaE) da UFMG, Paulo Henrique de Queiroz Nogueira, que participará como conferencista do ciclo de debates Transvivência: diálogos sobre o direito à diferença na universidade, que integra a programação do 13º Festival de Verão da UFMG acontece de 11 a 14 de fevereiro no Centro Cultural UFMG, no Espaço do Conhecimento da UFMG e no Conservatório da UFMG.
Paulo Henrique, que atua no Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT (NUH), da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich), vai apresentar detalhes da pesquisa A presença de pessoas trans na UFMG: perspectivas interpessoais e institucionais, de sua autoria, ainda em andamento, no dia 14 de fevereiro, das 10h às 12h, no miniauditório do Conservatório UFMG (Avenida Afonso Pena 1.534). Não há necessidade de inscrição prévia, e a entrada está condicionada à lotação do espaço.
Mais informações sobre o Festival de Verão da UFMG estão disponíveis no hotsite do evento.
Pesquisa
Lastreado pela metodologia ‘bola de neve’, o professor recrutou os primeiros personagens de sua pesquisa em meio aos estudantes que haviam solicitado, junto à administração da UFMG, a mudança de nome social. Por meio de indicações, Paulo Henrique chegou ao número de 30 alunos entrevistados. A pesquisa, segundo o filósofo, tem o objetivo de propor ações de combate à transfobia na Universidade.
Com base em questionário socioeconômico, foi traçado o perfil demográfico dos estudantes transexuais, conforme variáveis como religião e condição financeira da família. O professor averiguou, por exemplo, que a maioria dos entrevistados não é beneficiária da assistência estudantil. "Isso sinaliza que a Universidade pode se dedicar a políticas específicas, que levem em conta o combate a transfobia e à plena inserção desses jovens na vida acadêmica”, sugere.
Também participará do debate a servidora técnico-administrativa Samara Gabi Pimenta, que trabalha no Setor de Tecnologia da Informação (STI) da Escola de Engenharia. Integrante do quadro da UFMG desde 2004, Samara Gabi assumiu sua condição de transexual em 2017 e é a única servidora transmulher da universidade. Ela fará um relato de sua experiência de mudança de gênero e seus desdobramentos no ambiente de trabalho. O objetivo é refletir sobre políticas que facilitem a transição, de forma a torná-la menos traumática para os envolvidos.
"Quando me assumi como transexual, fui vítima de piadas homofóbicas, feitas por colegas de trabalho. Desde então, tenho reconstruído minhas relações", relata a servidora. Para ela, as ações da UFMG de combate ao preconceito ainda são muito fragmentadas. "A evolução, nesse sentido, está apenas começando. A Universidade está aprendendo com seus próprios erros, mas o caminho ainda é longo", opina Samara.