Sarandeiros estreia espetáculo sobre a narrativa folclórica do boi, em diferentes versões
Atividade de pesquisa e extensão da UFMG, grupo de dança popular interpreta as histórias do boi em teatro de BH
Boi Bumbá, no Amazonas, Bumba-meu-Boi, no Maranhão, e Boi de Reis, em Minas Gerais, são algumas das versões para a narrativa sobre o boi no folclore brasileiro. A dramatização, as cores, as danças, as músicas e os personagens variam, mas o enredo é semelhante pelo Brasil. O Grupo Sarandeiros, de dança popular e folclórica, vinculado à UFMG, incorpora o tema a seu repertório com o espetáculo Alumiar: bois a encantar, que estreia em Belo Horizonte no próximo sábado, 1º de julho, a partir das 20h30, no Cine Theatro Brasil Vallourec.
Alumiar conta as histórias e apresenta os personagens das festas de Parintins (AM), Maranhão e Minas. No auto, ou representação teatralizada, uma mulher grávida chamada Catirina tem o desejo de comer a língua do boi mais bonito da fazenda, e seu esposo, Francisco, empregado do local, mata o animal para satisfazer sua amada e foge. Segue-se a encenação com a prisão do fugitivo, rezas e a participação de grupos com figurinos de indígenas e vaqueiros. Os personagens também são envolvidos por danças e músicas, quando enfim ocorre a ressurreição do boi e a festa pelo seu retorno à vida.
No espetáculo, 60 dançarinos executam 12 coreografias, e cinco músicos interpretam ao vivo as canções – desde Acalanto, de Dorival Caymmi, até as dos agrupamentos Garantido e Caprichoso, de Parintins. "As manifestações relacionadas ao boi, que ao mesmo tempo assusta e inspira festa, ajudam a construir o imaginário coletivo e estão presentes em ocasiões tão diferentes como o Natal, o Carnaval e os festejos juninos", comenta o professor Gustavo Côrtes, da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO), responsável pela dramaturgia e direção geral de Alumiar.
Os ingressos devem ser adquiridos na plataforma Eventim.
Diversidade de ritmos e produção de conhecimento
Há 42 anos, o Grupo Sarandeiros desenvolve trabalho educacional e artístico na UFMG. Criado em 1980 pelas professoras Vera Soares e Marilene Lima, na EEFFTO, o projeto tem referência na diversidade de ritmos do Brasil, visando ao ensino, à produção de conhecimento e à extensão nessa área. O projeto passou a ser coordenado pelo professor Gustavo Côrtes, atual diretor da EEFFTO, em 1997.
O Sarandeiros tem se destacado no exterior. Fez 16 turnês nos últimos 26 anos, e um dos prêmios mais importantes foi o de melhor grupo no Festival Mundial de Culturas, no Canadá, em julho de 2014. O título era inédito para o Brasil.
O trabalho do Sarandeiros é marcado por aprendizagem, trocas e, acima de tudo, construção de novos conhecimentos, sempre em perspectiva interdisciplinar. É também instrumento de exercício da cidadania e de valorização da cultura brasileira, tem enfoque social e de promoção de saúde, por meio do Grupo Sarandoso (destinado a idosos) e do projeto Dança na UFMG, oferecidos gratuitamente à comunidade. Monografias, artigos e pesquisas são desenvolvidos pelos bolsistas, com temas relacionados à inserção acadêmica e artística da dança e do folclore.
Direção geral e dramaturgia: Gustavo Côrtes
Direção artística: Petrônio Alves
Direção musical: Tatá Sympa
Ensaios: Gerson Junior e Luiza Rallo
Preparação física: Diego Marcossi e Juliana Bergamini
Produção: Diogo Silveira