Semana de Saúde Mental da UFMG completa uma década e discute ‘direito à cidadania’
Evento ocorre de 16 a 20 de maio com ampla programação, que alterna atividades presenciais e remotas; abertura ocorre às 10h desta segunda-feira
Após ser realizada integralmente on-line em 2020 e 2021, devido à pandemia de covid-19, a Semana de Saúde Mental e Inclusão Social da UFMG volta a ter atividades presenciais na edição deste ano, que marca o aniversário de uma década de evento. A programação – que conta com oficinas, debates, palestras, rodas de conversas e atividades culturais – é integralmente gratuita e se alternará entre os modos presencial e remoto, com atividades ministradas por meio do aplicativo de conferências Zoom. Algumas atividades requerem inscrição prévia por meio de formulários disponíveis no próprio site do evento.
A Semana de Saúde Mental sediará palestras sobre a saúde mental associada aos mais diferentes subtemas, como a pandemia, o racismo, a surdez, os transtornos alimentares e o próprio retorno às aulas após dois anos de regimes de ensino remoto ou híbrido, os crimes da indústria da mineração (rompimentos de barragens) e a psicofobia (preconceito e discriminação contra pessoas com transtornos ou doenças mentais), a burocracia estatal trabalhista, a privatização de sistemas públicos de saúde, a política de saúde mental da UFMG. As informações sobre data, horário e local das atividades podem ser conferidas no site.
“Esta é uma edição importante não apenas pelo aniversário de dez anos do evento, que reafirma o seu lugar já consolidado na agenda da Universidade e pela importância que a nossa comunidade dá a esse tema, mas também por ser a primeira edição em que voltamos a nos encontrar presencialmente, neste momento em que nos preparamos para sair da pandemia de covid-19”, afirma a reitora Sandra Regina Goulart Almeida.
“O evento também marca uma ideia que é muito cara para a UFMG e para as suas estruturas de atenção à saúde mental, que é a ideia do direito à saúde mental como um direito ao exercício da plena cidadania. Sabemos como o momento difícil que o país vive tem impactado a saúde das pessoas e, consequentemente, a sua experiência cidadã. O que a semana propõe, nesse sentido, é a abertura de um espaço para que todas essas questões possam ser discutidas e pensadas em profundidade”, pontua a reitora.
A abertura do evento ocorre nesta segunda-feira, dia 16 de maio, às 10h, no auditório da Reitoria, com conferência da advogada Deborah Duprat, ex-subprocuradora-geral da República. Com o tema O cuidado em saúde mental como direito a cidadania, a programação da semana segue até dia 20, tendo o seu epicentro na quarta-feira, dia 18, Dia Nacional da Luta Antimanicomial, que mobiliza anualmente os movimentos sociais, os coletivos antimanicomiais e a rede pública de atenção em saúde mental em torno do tema.
Alguns destaques da programação
Durante esta semana, ficará em exposição no Centro de Memória da Medicina (Cememor) a obra Troncos, raízes e Guimarães Rosa: uma metáfora da vida, de Maria Aparecida Miranda da Silva, psicóloga da Faculdade de Medicina. O Cememor fica na sala 27 da Faculdade de Medicina da UFMG, no campus Saúde (Avenida Professor Alfredo Balena, 190, bairro Santa Efigênia).
Outro destaque é a apresentação que o grupo musical Meninas de Sinhá, do bairro Alto Vera Cruz, fará na Escola de Música nesta terça-feira, dia 17, às 15h, atividade em que ocorre um diálogo entre a prática musical, a saúde mental e a inclusão social. Para participar, é preciso fazer uma inscrição prévia por meio de formulário disponível no site da Semana de Saúde Mental e Inclusão Social.
Formado exclusivamente por mulheres com mais de 50 anos, o grupo Meninas de Sinhá realiza shows e oficinas que valorizam as reminiscências culturais e os saberes femininos. Suas apresentações são pontuadas pelas dificuldades, necessidades e angústias da maturidade feminina, resgatadas em cirandas, cantigas de roda e antigas brincadeiras de criança.
No dia 18, às 8h, terá vez no campus Pampulha uma oficina de grafite, com o intuito de fomentar a produção artística sobre saúde mental. Em seguida, no dia 19, às 19h, ocorre a mesa Mal-estar nas universidades e a saúde mental de estudantes e trabalhadores, na qual será tratada a “colonização do espaço universitário pela lógica neoliberal” e do “aumento significativo dos números de sofrimento mental nos espaços acadêmicos”.
Na sinopse do evento, informa-se que nele serão debatidos o modo como o mundo neoliberal provoca uma epidemia de “depressivos, ansiosos e esgotados” e as estratégias possíveis de enfrentamento do capitalismo como uma indústria de produção contínua do adoecimento – nesse caso, tendo como foco mais específico o cuidado em saúde mental a estudantes e trabalhadores no contexto universitário.
No dia 20, por fim, o destaque é a oficina de meditação Ampliando o cuidado de si e do outro, que será realizada às 10h pela internet, por meio do aplicativo de conferências Zoom. O evento trará “a prática de meditação como uma pausa para olhar para si, em todas as suas dimensões”, como está descrito em sua sinopse. O link de acesso para a atividade pode ser consultado na página do evento.
SUS e reforma psiquiátrica
Promovida desde 2013, a Semana de Saúde Mental e Inclusão Social é um evento organizado e promovido pela Rede de Saúde Mental da UFMG, ligada à Universidade dos Direitos Humanos (UDH) da Pró-reitoria de Extensão. O evento é realizado em parceria com a Comissão Permanente de Saúde Mental da UFMG e conta com a participação de movimentos sociais e usuários dos serviços públicos de saúde mental.
De forma interdisciplinar, a semana aborda a temática da saúde mental com o foco na reforma psiquiátrica e no Sistema Único de Saúde (SUS). Seu objetivo é promover o intercâmbio de informações entre as estruturas envolvidas na oferta de serviços e na execução da política de saúde mental, incentivando o diálogo sobre o tema entre a comunidade interna e externa da UFMG.
Neste ano, em particular, o evento convida a comunidade da UFMG a refletir coletivamente sobre a necessidade de direcionar a agenda de luta e defesa da saúde mental em direção a uma perspectiva de fortalecimento e defesa dos direitos humanos, no âmbito do atual contexto “de crise sanitária, de agudização das contradições sociais, de avanço do conservadorismo e de retrocessos sociais”, como se explica em seu site.