Seminário na UFMG discute transplantes e doação de tecidos oculares
O processo de transplante de órgãos e tecidos depende da sensibilização da sociedade, já que ele não existe sem a doação. Em Minas Gerais, cerca de 3.846 pessoas aguardam na fila pelo procedimento e pela oportunidade de viver com mais qualidade. Para ampliar essa discussão, o Hospital das Clínicas da UFMG/Ebserh, um dos maiores centros transplantadores de Minas Gerais, realizará, no dia 20 de setembro, o IX Seminário de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes. O evento é alusivo ao Setembro Verde, mês de conscientização do tema, e acontecerá das 8h às 13h, no Salão Nobre da Faculdade de Medicina, campus Saúde da UFMG. As inscrições estão abertas e podem ser realizadas aqui até 16 de setembro. Haverá emissão de certificado.
Neste ano, o foco da discussão será a doação de tecidos oculares. Temas como Doação e captação de tecidos oculares: desafio na perspectiva do banco de olhos, Doação e transplante de córnea – Desafios na perspectiva do cirurgião e Organização e funcionamento de CIHDOTTs na doação de tecidos oculares na morte circulatória integram a programação do seminário, organizado pela Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes do HC-UFMG (CIHDOTT/HC-UFMG/Ebserh) e que chega a sua nona edição consolidado como espaço para o debate da temática, contribuindo para o fortalecimento da política nacional de transplantes e a cultura da doação de órgãos e tecidos no Brasil.
A coordenadora da CIHDOTT/HC-UFMG/Ebserh e presidente do evento, a médica Adriana Magalhães, explica que a doação de tecidos oculares tem importantes peculiaridades e exige uma organização logística e de comunicação muito consolidada nos hospitais. “A doação ocorre habitualmente até 6 horas após a parada cardíaca constatada, o que nomeamos como morte circulatória, sendo o mecanismo de morte de 99% da população”, explicou.
A abertura do evento será com a palestra magna Morte encefálica e comunicação familiar do diagnóstico, seguida pela mesa redonda Situação nacional e estadual da doação e transplantes de órgãos e tecidos: avanços e perspectivas.
Novidade
A novidade no IX Seminário de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes é o debate sobre a Autorização Eletrônica da Doação de Órgãos e Tecidos (AEDO), regulamentada em 2024 pelo Conselho Nacional de Justiça e desenvolvida em parceria com o Colégio Notarial do Brasil e Coordenação Geral do Sistema Nacional de Transplantes. No Brasil, desde 1997, a Lei de Transplantes (Lei nº 9434) define que a família do doador é quem decide sobre a doação de órgãos e tecidos e isso acontece exatamente no momento mais difícil: o da perda de um ente querido.
No entanto, com esse sistema eletrônico, quem desejar ser um doador de órgãos poderá manifestar e formalizar a sua vontade por meio desse documento oficial, feito digitalmente e gratuitamente em qualquer um dos 8.344 Cartórios de Notas do Brasil. A decisão sobre a doação continua sendo da família.
“Convidamos um representante do Conselho Nacional de Justiça para apresentar a AEDO, lançada na campanha nacional Um só Coração e ainda pouco divulgada. Entendemos que, como profissionais que trabalham em prol da doação de órgãos e tecidos, é também nosso papel divulgar essa ferramenta em eventos educativos”, disse Adriana.
Ainda como parte da programação, uma família doadora irá compartilhar a sua experiência com os participantes com o objetivo de demonstrar o aspecto restaurador e terapêutico que a doação de órgãos e tecidos pode proporcionar.
Dados
De janeiro a junho deste ano, o HC UFMG realizou 136 transplantes, sendo 49 de córnea, 29 de medula óssea, 20 transplantes de rim, 23 de fígado e 15 transplantes de coração. Contribuímos neste ano com 34 doações de tecidos oculares e oito órgãos sólidos, figurando entre os cinco hospitais com maior número de doação de tecidos oculares do Estado.
Sobre a Ebserh
O Hospital das Clínicas da UFMG faz parte da Rede Ebserh desde dezembro de 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.