Simpósio da UFMG apresenta experiências francesas e brasileiras de combate à pandemia
Atividade é resultado de acordo de cooperação firmado entre a UFMG e a Universidade de Tours, na França
O presidente da Sociedade Francesa de Saúde Pública e da Conferência Nacional de Saúde da França, Emmanuel Rusch, é um dos convidados do websimpósio Saúde, educação e ética em tempos de pandemia: experiências francesas e brasileiras, que será realizado na próxima quarta-feira, dia 22, às 14h. A atividade, promovida pela Diretoria de Relações Internacionais (DRI), será transmitida pelo canal da Coordenadoria de Assuntos Comunitários (CAC) no YouTube, com tradução simultânea.
O websimpósio, que integra as comemorações dos 95 anos da UFMG, é resultado de acordo de cooperação firmado entre a UFMG e a Universidade de Tours, na França, com a mediação da professora Daisy Cunha, da Faculdade de Educação. Desde 2017, ela vem colaborando com o grupo de pesquisa Educação, Ética e Saúde da instituição francesa, coordenado por Rusch, que é epidemiologista.
“Com tanta responsabilidade sobre as questões de saúde pública na França, o professor Emmanuel Rusch tem um ponto de vista muito parecido com aquele defendido pelo comitê da UFMG de enfrentamento à pandemia, dando bastante relevância ao caráter preventivo que toda política de saúde pública deveria ter, por meio de seus sistemas de saúde e outros relacionados aos direitos sociais”, avalia Cunha.
Nessa perspectiva, afirma a professora, mais do que modelar comportamentos ou impor medidas restritivas em situações marcadas por incertezas como uma pandemia, parece mais razoável e necessário encorajar a iniciativa e o sentimento de responsabilidade de cada um e dos coletivos. “Nesse grupo de pesquisa, há o entendimento de que uma dimensão educativa, relacionada à aquisição de conhecimentos e de saberes, é necessária à compreensão dos fenômenos, sustentando a produção de gestos adequados à promoção das questões de saúde como um bem maior, um bem público, de caráter social”.
Apesar da experiência, o Brasil errou
Do lado brasileiro, as experiências de combate à pandemia serão apresentadas pelo infectologista Unaí Tupinambás, professor da Faculdade de Medicina da UFMG e integrante do Comitê Permanente da UFMG de Enfrentamento ao Novo Coronavírus. Ele também atuou no extinto comitê da Prefeitura de Belo Horizonte de combate à covid-19 e participa do recém-criado Comitê Popular Beagá de Enfrentamento à Covid. “O Brasil tinha experiência, tem expertise em vigilância, em monitoramento, porque nós enfrentamos epidemias desde sempre: dengue, malária, chikungunya, tuberculose, febre amarela, entre outras. A expectativa era muito grande, e nós erramos”, analisa Tupinambás.
Na avaliação do infectologista, um dos modelos de combate à pandemia que poderia ter sido seguido é o da aids. No entanto, em resposta à covid-19, optou-se por uma estratégia que Unaí define como hospitalocêntrica. “Abriram-se hospitais de campanha, leitos de CTI, e pouco foi feito na atenção primária”, lembra. Para ele, a ampliação da testagem é uma das estratégias que poderiam ter sido priorizadas ao longo da pandemia.
Tupinambás também deve fazer um paralelo com o bem-sucedido modelo japonês, em que a população foi orientada a adotar três medidas principais: evitar ambientes fechados, aglomerações e contatos próximos. Apesar de contar com uma das populações mais velhas do mundo e ser densamente povoado, o Japão foi o país do G7 com a menor taxa de letalidade associada à covid-19.