UFMG abre cadastro de voluntários para testes clínicos da SpiN-TEC, primeira vacina contra a covid 100% brasileira
O Centro de Tecnologia de Vacinas (CTVacinas) da UFMG abre nesta quinta-feira, 17 de novembro, o cadastro para quem deseja participar, como voluntário, das fases 1 de 2 dos testes clínicos da SpiN-Tec MCTI UFMG, a primeira vacina 100% brasileira contra a covid-19.
Nesta quarta-feira, 16 de novembro, o sistema CEP/Conep, instância máxima de avaliação ética em protocolos de pesquisa com seres humanos, aprovou o início dos testes, que já haviam sido liberados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em outubro. Para chegar a essa última etapa, a SpiN-TEC MCTI UFMG passou por várias e criteriosas fases. A última delas foram os testes em animais, que confirmaram a eficácia e a segurança do imunizante.
Em relação à fase 1, que reunirá 72 voluntários, os critérios para participar do recrutamento são: ser saudável e ter idade entre 18 e 85 anos; não ter tido covid-19; ter recebido as duas doses iniciais da vacina CoronaVac e uma dose de reforço da vacina Pfizer (há pelo menos nove meses); residir em Belo Horizonte durante os 12 meses de estudo; não estar grávida, nem amamentando.
Para a fase 2, que reunirá 360 voluntários, os critérios são: ser saudável e ter idade entre 18 e 85 anos; ter recebido as duas doses iniciais da vacina CoronaVac ou da Astrazeneca e uma ou duas doses de reforço da Pfizer ou AstraZeneca; residir em Belo Horizonte durante os 12 meses de estudo; não estar grávida, nem amamentando. Para participar da segunda fase, a pessoa pode já ter contraído a covid-19.
As pessoas interessadas podem fazer o cadastro pela internet. Uma vez inscritas, as pessoas passarão por triagem para a seleção de voluntários e serão submetidas a avaliações clínicas e laboratoriais, conduzidas pelo CTVacinas e pela Unidade de Pesquisa Clínica em Vacinas (UPqVac), instalada na Faculdade de Medicina da UFMG.
Vacinação e acompanhamento
“Se a pessoa for elegível para o estudo, será convidada a receber a vacina SpiN-TEC MCTI UFMG. Ela comparece para a vacinação no dia marcado, faz os procedimentos e fica em observação por até uma hora. Depois, já está liberada para ir para casa. Faremos o monitoramento ao longo de 12 meses”, explica o professor Helton Santiago, do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG e coordenador dos testes clínicos da vacina.
A equipe que executa os testes clínicos fará ligações periódicas para os voluntários para saber como estão se sentindo. Além disso, as pessoas farão sete visitas programadas ao centro de pesquisa (UPqVac), localizado na Faculdade de Medicina da UFMG, onde a dose será aplicada, uma semana após a aplicação e, depois, no período de duas semanas, 28 dias, 90 dias ,180 dias, 270 dias e 360 dias.
“A expectativa, agora, é que a vacina confirme que é segura e imunogênica, fato observado em outras fases. Esperamos que induza resposta imunológica nos participantes, assim como induziu nos extensivos testes em animais”, reforça Santiago.
Após a conclusão das fases 1 e 2 dos testes clínicos, o grupo que desenvolve a SpiN-TEC MCTI UFMG enviará os relatórios do estudo e solicitará autorização para a terceira e última etapa dos testes, que reunirá de 4 a 5 mil voluntários. A expectativa é que a vacina esteja disponível para aplicação em toda a população a partir de 2025.
“Em média, uma vacina demora de 20 a 30 anos para ser desenvolvida. A pandemia abreviou esse processo. Mas continua sendo um desenvolvimento muito rápido, já que os estudos da SpiN-TEC começaram em novembro de 2020”, lembra Helton Santiago. “É um marco para a ciência brasileira”, conclui.