UFMG cria grupo de trabalho para propor regras de uso da IA em atividades acadêmicas
Comissão também pretende estabelecer diretrizes para orientar o corpo docente a lidar com essa tecnologia
Com o aumento do uso de ferramentas de inteligência artificial (IA) por estudantes e professores, a UFMG instituiu, por meio da Portaria 10.226, de 8 de novembro, comissão que vai apresentar proposta de regras e normas para disciplinar o uso dessas ferramentas nas atividades acadêmicas.
Segundo o presidente da comissão, Virgílio Almeida, professor do Departamento de Ciência da Computação (DCC) do Instituto de Ciências Exatas (Icex), a equipe de trabalho terá o desafio de propor maneiras para que a IA seja utilizada sem comprometer o ensino e o aprendizado dos alunos.
“As ferramentas de IA estão sendo cada vez mais usadas pelos estudantes. O ChatGPT, por exemplo, gera imagens, códigos e textos de maneira muito fácil, mas que nem sempre são verificáveis ou confiáveis. Como os estudantes estão recorrendo a essas ferramentas para desenvolver projetos e trabalhos, precisamos definir regras para esse uso.”
O professor acrescenta que as ferramentas também representam um desafio para os professores, pois muitos alunos entregam trabalhos feitos integralmente por meio da inteligência artificial. “Também precisamos pensar maneiras de capacitar e treinar o corpo docente da Universidade para lidar com essas tecnologias. Os professores devem estar preparados para reconhecer trabalhos feitos com IA, para avaliá-los e orientar os alunos sobre o uso das ferramentas.”
A reitora Sandra Regina Goulart Almeida, que assina a portaria que instituiu a comissão, avalia que esse é um assunto relevante face ao impacto já observado do uso dessas ferramentas. “Os recursos da inteligência artificial estão avançando a uma velocidade impressionante, e as instituições precisam estabelecer critérios para lidar com essa nova realidade, que, tratada de forma adequada e, principalmente, de forma ética, pode contribuir para o aprendizado. Não há dúvida de que é grande o impacto dessa tecnologia nas instituições de ensino e de produção de conhecimento”, afirma a reitora.
Aliada
Virgílio Almeida afirma que a inteligência artificial não pode ser considerada uma inimiga na academia, pois o avanço tecnológico nunca deve ser combatido. Esse aspecto, na avaliação do professor, sinaliza a importância de que o tema seja debatido na Universidade.
“O aumento da disponibilidade das ferramentas de IA nos alerta para a importância de formar os alunos para uma era na qual eles vão interagir com robôs e com essas tecnologias todos os dias no trabalho e na vida pessoal. Nosso objetivo não é proibir o uso de IA, mas estabelecer regras de modo que as ferramentas sejam usadas para aperfeiçoar os processos de aprendizagem e suas formações”, conclui o professor do DCC.
Além do professor Virgílio Almeida, participam da comissão os professores Marco Antônio Sousa Alves, da Faculdade de Direito, Zilma Reis, da Faculdade de Medicina, Ricardo Fabrino, do Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich), Geane Alzamora, do Departamento de Comunicação Social da Fafich, Adriana Pagano, da Faculdade de Letras (Fale), e Antônio de Pádua, do Departamento de Engenharia Eletrônica da Escola de Engenharia.
Leia a portaria que instituiu a comissão: