UFMG e CRJ firmam parceria para fortalecer políticas para a juventude
Atividades conjuntas começam neste mês
Um quarto da população belo-horizontina é formada por jovens, e boa parte dela tem acesso restrito a direitos básicos, como saúde, educação, trabalho e cultura. Na tentativa de implantar ações convergentes com as políticas públicas, a Rede Juventude da UFMG, que reúne grupos, núcleos e laboratórios de ensino, pesquisa e extensão de diversas áreas do conhecimento, inaugurou parceria com o Centro de Referência da Juventude (CRJ) de Belo Horizonte, informa o Boletim UFMG em sua edição 1995.
Nesta quarta-feira, dia 18 de outubro, às 14h, será realizada roda de conversa comandada pela professora Cristiane de Freitas, do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina, uma das coordenadoras do projeto de extensão Janela da Escuta. Aberto aos grupos, núcleos, coletivos e pessoas interessadas (de dentro e de fora da UFMG), o encontro será na sede do CRJ, que fica na Rua Guaicurus, 50 (Praça da Estação), no centro de Belo Horizonte.
A convidada é a psicóloga Fernanda Xavier, da organização não governamental (ONG) francesa Paradoxes, que atua com políticas públicas para a juventude. “Ela vai falar de uma oficina ministrada pela ONG, que trabalha com projetos e narrativas de jovens em Paris, denominada caminho de vida [chemin de vie], que brinca com a sigla CV [curriculum vitae]. A ideia é apresentar a metodologia e desenvolvê-la aqui, respeitando as especificidades locais”, esclarece Cristiane de Freitas.
Para a coordenadora da Rede Juventude UFMG, Claúdia Mayorga, pró-reitora adjunta de Extensão, o CRJ é um importante equipamento público construído por meio de articulação da juventude da região metropolitana e pretende ser um espaço conectado com as demandas juvenis, aspecto que também caracteriza os grupos que compõem a Rede Juventude da UFMG. “Avaliamos que, em momento de desmonte dos direitos e de políticas públicas de cidadania, uma associação como essa é muito potente e necessária. Desde maio, temos tido encontros para fortalecer o diálogo da universidade com as políticas públicas de juventude”, informa.
Grupos de áreas como direito, educação, psicologia e medicina que compõem a Rede já apresentaram propostas de trabalho conjunto. Outras iniciativas também estão em planejamento, entre as quais a inserção da Rede no mapeamento do Rolê da juventude na cidade, que vai identificar com os jovens os espaços de cultura, saúde, lazer, educação, assistência social para fins de acesso. Outro projeto vai trabalhar com a formação e preparação para as questões do trabalho, vinculadas às reflexões sobre projeto de vida e trajetórias. Além disso, a partir de março de 2018, um projeto conjunto realizará ações relacionadas ao pré-Enem e à preparação de estudantes para entrada na pós-graduação.
Extensão potencializada
Aluno de pós-graduação da UFMG, Dú Pente também é integrante do comitê gestor do CRJ e membro do coletivo Pretas em Movimento. Ele acredita que as ações da Rede Juventude, que, em sua maioria, são projetos de extensão desenvolvidos na UFMG, devem ser potencializadas na cidade. “O CRJ pode ser o espaço de ampliação dessas iniciativas. Também espero que essa parceria fortaleça as juventudes vulneráveis de BH. Essa juventude, que morre e não tem acesso a direitos e a bens básicos, tem cor, raça e sexo. São, em sua maioria, negros, do sexo masculino, moradores das periferias. Também é igualmente importante pensar que só as parcerias não são suficientes. O CRJ é um equipamento municipal de referência, mas precisa de orçamento e de mais atenção do poder público para funcionar e operar”, alerta.
O mestrando em Psicologia Bruno Vieira, representante do Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão Conexões de Saberes UFMG, defende que as políticas públicas para os jovens não se restrinjam a atividades pontuais para livrá-los da criminalidade “Penso nessas políticas como ações mais globais de promoção de direitos e cidadania e construção de projetos de vida. E isso os jovens já têm feito nos seus respectivos espaços, infelizmente, com pouco ou nenhum subsídio estatal”, critica Vieira.
Empossado em junho deste ano, o Comitê Gestor do CRJ é composto de dois representantes do Executivo Municipal, dois do Executivo Estadual, três representantes de entidades e coletivos, um do Conselho Municipal da Juventude e um do Conselho Estadual da Juventude.