UFMG recorre aos ministérios públicos estadual e federal contra a Stock Car na Pampulha
Na representação, a reitora Sandra Goulart descreve os impactos para as atividades acadêmicas
A UFMG protocolou representação nos ministérios públicos estadual e federal contra a realização da Stock Car no entorno do campus Pampulha, em agosto. Em ofício encaminhado ao procurador-geral de Justiça de Minas Gerais, Jarbas Soares Júnior, e ao procurador da República, Carlos Bruno Ferreira da Silva, a reitora Sandra Regina Goulart Almeida sustenta que a Universidade não foi notificada formalmente sobre as datas da realização do evento e da programação de providências para bloqueio do seu entorno.
A dirigente alega, ainda, que não se estabeleceu amplo diálogo entre os organizadores e o poder público municipal com a Universidade e a comunidade universitária antes da tomada de decisão. “A Universidade tomou conhecimento dos acordos pactuados para a realização do evento por meio da mídia”, afirma a reitora na representação encaminhada na última terça-feira, dia 5. No dia anterior, a UFMG anunciou, em nota à comunidade acadêmica, que tomaria “todas as providências cabíveis para garantir os direitos e o bem-estar da comunidade universitária e da região".
Sandra Goulart alerta, na representação, para os enormes impactos sobre a área hospitalar na qual se localiza o Hospital Veterinário, os biotérios de criação de animais, a Estação Ecológica e o Centro Esportivo Universitário, bem como todas as atividades de ensino, pesquisa e extensão da Universidade.
Essas unidades estão localizadas a poucos metros do Estádio Mineirão, que foi erguido na década de 1960 como ampliação do projeto do antigo Estádio Universitário, em terreno cedido pela UFMG. “Não é exagero dizer que a corrida Stock Car passará no meio da UFMG, uma cidade universitária firmemente fixada em Belo Horizonte”, afirma a reitora.
Campus bloqueado
Na mensagem aos procuradores Jarbas Soares Júnior e Carlos Bruno Ferreira da Silva, a reitora da UFMG também mencionou o bloqueio nas vias de acesso ao campus Pampulha provocado pela retomada do corte de árvores autorizado pela Prefeitura de Belo Horizonte exatamente no dia da atividade inaugural do primeiro semestre letivo de 2024 (4 de março). “A interrupção do trânsito sem qualquer aviso prévio a esta Universidade prejudicou o ingresso dos alunos, professores e servidores em suas dependências. Nesta semana, 5,7 mil novos estudantes ingressam na UFMG, além dos alunos regulares, perfazendo uma comunidade de 60 mil pessoas”, informou a reitora.
Ao fim da representação, Sandra Goulart solicita às duas instâncias que tomem as medidas necessárias para apurar e combater os problemas relatados, que poderão implicar sérios prejuízos ao meio ambiente, às pessoas e aos animais da região e à própria instituição.