UFMG reúne historiadores e arqueólogos em simpósio internacional sobre cultura material e diáspora africana
Arqueólogos e historiadores brasileiros e estrangeiros estarão reunidos nesta semana (3 e 4 de novembro), no campus UFMG Pampulha, para o simpósio Arqueologia e história da cultura material na África e na diáspora africana. De acordo com a professora Vanicléia Silva Santos, do Departamento de História, uma das organizadoras, o encontro é pioneiro exatamente porque contempla, ao mesmo tempo, estudos na África e na diáspora.
O evento é promovido pelo Centro de Estudos Africanos da UFMG (CEA), em parceria com o Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares (Ieat) e a Diretoria de Relações Internacionais (DRI). A iniciativa aproveita a presença na UFMG de Augustin Holl, presidente do Comitê Científico da Unesco para o Nono Volume da História geral da África e professor da Universidade Paris Nanterre.
O simpósio, que será realizado no Auditório Azul da Escola de Ciência da Informação, está organizado em quatro sessões: Paisagens, lugares e comunidades negras na diáspora africana; Corpos, identidades e cultura material; Religiosidades, cosmologias e memórias no Atlântico Negro; e Inventários e testamentos como forma de acesso à cultura material dos africanos no Brasil Colonial.
Participarão estudiosos que atuam na África, no Suriname e no Brasil. Como exemplo, Vanicléia Santos cita os estudos de Emmanuel Ofosu-Mensah, da Universidade de Gana, que podem ajudar a compreender a atuação dos povos Mina na mineração em Minas Gerais. A professora Cheryl White, que desenvolve pesquisas no Suriname, vai relatar achados em terras quilombolas, em diálogo, entre outros, com o professor Carlos Magno, da UFMG.
Alguns dos pesquisadores brasileiros participantes são Marina de Melo e Souza, da USP, que tem estudos inéditos sobre objetos reunidos em museus europeus, e Tania Andrade Lima, arqueóloga do Museu Nacional da UFMG que coordena as escavações e estudos nas ruínas do Cais do Valongo, na região central da cidade do Rio de Janeiro, onde aportou a maioria dos negros escravizados no Brasil.
“O objetivo central das pesquisas sobre a cultura material dos escravos e seus descendentes é reconstituir e entender a vida dos africanos aqui, mas sobretudo saber até que ponto eles mantiveram a cultura de origem ou se reinventaram no contato com outros povos”, diz Vanicléia Santos.
Os interessados podem se inscrever como ouvintes para as conferências.