UFMG vai construir microscópios para observar amostras vivas em tempo real

Tecnologia Folha de Luz dos equipamentos modulares gera imagens 3D de alta resolução

Três professores do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG – Christopher Kushmerick, do Departamento de Fisiologia e Biofísica, Gregory Kitten e Vinicius Toledo Ribas, ambos do Departamento de Morfologia – participam da construção dos microscópios Flamingo, cuja tecnologia Folha de Luz gera imagens 3D de alta resolução de amostras biológicas vivas ou fixadas. O trabalho, que integra o projeto Building flamingo light sheet microscopes in South America, possibilitará que Brasil, Chile e Uruguai contem, até o fim deste ano, com as primeiras unidades desse sistema, que pode proporcionar avanços nas pesquisas desenvolvidas nos três países. O projeto é financiado pela Chan Zuckerberg Initiative (CZI).

Segundo o professor Gregory Kitten, um dos investigadores envolvidos na empreitada, além da instalação dos microscópios modulares em laboratórios estratégicos, o objetivo do projeto é promover a pesquisa, a colaboração científica e a educação, por meio de cursos, workshops e conferências centrados na tecnologia Folha de Luz. “Pretendemos facilitar o uso e a disseminação dessa tecnologia, diminuindo gastos com equipamentos. Vamos instalar três microscópios transportáveis, acessíveis e compartilháveis entre pesquisadores e laboratórios, de modo a alcançar uma abrangência significativa na América do Sul”, antevê.

A técnica de microscopia de Folha de Luz propicia a obtenção de imagens de espécimes biológicos vivos ou fixados, em alta resolução, durante longos períodos de tempo, com impactos mínimos nas amostras causados pela incidência de luz. Ela permite verificar o crescimento de uma planta em tempo real, por exemplo, e pode ser empregada em pesquisas que ajudem a compreender a saúde humana e desenvolver novos medicamentos.

Flamingo na UFMG

Para iniciar o projeto, as peças serão adquiridas na Alemanha, onde será realizado um workshop para treinamento de pesquisadores e técnicos dos laboratórios estratégicos. Eles vão aprender a construir, usar e fazer manutenção de seus microscópios, começando com a configuração mais adequada para atender às necessidades imediatas de pesquisa em suas áreas. Cada aparelho será enviado ao país de destino com peças sobressalentes necessárias para alterar as configurações.

O Sistema Flamingo da UFMG será montado no Centro de Aquisição e Processamento de Imagens (Capi) do ICB, sob a responsabilidade do seu diretor, professor Christopher Kushmerick. De acordo com Gregory Kitten, os microscópios Flamingo já são usados em laboratórios nos Estados Unidos e na Europa, mas não são equipamentos comerciais. O custo de produção de cada unidade é de US$100 mil (R$500 mil).

Ampliando a compreensão

A Chan Zuckerberg Initiative é uma organização filantrópica fundada e presidida por Mark Zuckerberg, do Facebook, e sua esposa, Priscilla Chan. O Programa Imaging, da CZI, apoia pesquisadores que estão expandindo o acesso e treinamento em tecnologias de imagem e desenvolvendo tecnologias de ponta para aumentar a compreensão sobre processos biológicos no corpo humano, capazes de gerar descobertas sobre como curar, prevenir ou controlar doenças. 

O projeto, liderado por Alenka Lovy, diretora do Centro de Pesquisa em Microscopia da Universidade Mayor, no Chile, reúne 11 cientistas e é um dos 14 finalistas do Programa Imaging.

Texto de Dayse Lacerda

Fonte

Assessoria de Comunicação Social e Divulgação Científica do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG