Unidade de AVC do Hospital Risoleta UFMG completa 15 anos como referência em cuidado e conhecimentos
Em fevereiro, a Unidade de AVC do Risoleta Tolentino Neves (HRTN), hospital administrado pela UFMG, completa 15 anos. Referência no cuidado de pacientes acometidos pela doença, o HRTN é um centro de formação de profissionais e de produção de conhecimento com destaque nacional.
O serviço atende por ano cerca de 700 usuários com Acidente Vascular Cerebral e possui 18 leitos dedicados a esses pacientes. A assistência é prestada por uma equipe multiprofissional composta por neurologistas, enfermeiros, fisioterapeutas neurológicos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, além da atuação da Clínica Médica, Nutrição, Farmácia, Psicologia e Serviço Social.
O início
A Neurologia começou a atuar no Hospital em 2006 e, durante um ano, os atendimentos revelaram a necessidade de uma atenção qualificada para os casos de AVC. Nessa época, não existiam no Brasil serviços dedicados ao tema como havia no exterior.
O médico Romeu Sant’Anna liderou a construção de um projeto para criar uma unidade dedicada ao AVC no Risoleta e o apresentou à diretoria no final de 2007. A demanda era evidente e o projeto foi aprovado, permitindo a implantação da Unidade em fevereiro de 2008, com seis leitos.
“Antes a gente trabalhava com tempos de internação muito altos, havia muitas complicações, e era essencial um trabalho diferenciado para qualificar a assistência aos pacientes com Acidente Vascular Cerebral”, afirma o coordenador do serviço.
O modelo de cuidado conduzido por uma equipe multiprofissional foi uma estratégia planejada desde o início, que gerou bons resultados. A experiência do Risoleta rendeu um convite do Departamento de Atenção Especializada do Ministério da Saúde, em 2010, para o Romeu Sant’Anna participar como consultor da criação de legislações sobre o tema.
“A experiência do nosso Hospital, somada aos conhecimentos de outras instituições, possibilitou a criação de portarias emblemáticas para a qualificação dos serviços de AVC. Poucos países no mundo tinham legislação específica. A partir do nosso conhecimento ganhamos notoriedade e projeção não só local, mas nacional”, conta Romeu.
A primeira legislação foi a Portaria nº 665, de 2012, com critérios de habilitação de Centros de Atendimento de Urgência aos Pacientes com Acidente Vascular Cerebral (AVC) e incentivo financeiro, além da aprovação da Linha de Cuidados em AVC.
Em 2013, o Hospital foi credenciado como atendimento de maior complexidade (nível 3). E, em 2014, foi lançado o Programa de Residência Médica em Neurologia Clínica, credenciado pelo Ministério da Educação (MEC), reforçando o caráter de ensino da Instituição.
Hoje o Risoleta recebe e treina profissionais de todo o Brasil. O serviço é um centro formador de neurologistas e recebe residentes de variadas especialidades médicas e multiprofissionais, inclusive de outros hospitais de Belo Horizonte.
Com toda essa bagagem, a equipe que atua na Unidade de AVC do Hospital tem importantes contribuições científicas com artigos publicados em revistas especializadas nacionais e internacionais, teses de doutorado e dissertações de mestrado.
Perfil dos pacientes e atendimentos
O Risoleta atende muitos pacientes em situação de vulnerabilidade social, o que faz com que os atendimentos tenham particularidades em comparação com outros serviços nacionais. “Os nossos pacientes têm uma média de idade inferior à nacional, abaixo dos 65 anos. E além da idade menor, os usuários do Risoleta possuem comorbidades, chegam graves muitas vezes e com outros problemas de saúde mal controlados além do AVC”, relata Romeu Sant’Anna.
Ele explica que após a alta hospitalar alguns pacientes demandam acompanhamento no Ambulatório de Egressos. O Hospital cumpre o papel da transição de cuidados para que o paciente de alta complexidade possa voltar para casa em condições mais adequadas.
Atendimento de qualidade
“Cheguei ao Risoleta com muita expectativa para minha reabilitação. Estava com feridas, então confeccionaram suportes para as minhas pernas, tornozelos e braços. Recebi os cuidados da equipe de médicos e de Enfermagem, fiz fisioterapia e vários profissionais estimularam minha recuperação. Sinto gratidão por toda a equipe do Hospital”, conta Luiz Cláudio dos Santos, atendido no Risoleta em junho de 2022.
Sua esposa, a gerente do faturamento do HRTN, Valdirene Márcia dos Santos, conta que a recuperação tem sido uma jornada. “Ainda estamos em processo de reabilitação, ou talvez de readequação. Não é preciso apenas realizar a reabilitação motora, mas reaprender. Aos poucos, ele está voltando a ser independente em suas atividades cotidianas.”
“Como o doutor Romeu disse, tenho uma maratona pela frente e não apenas uma caminhada. Hoje posso olhar para trás e entender tudo o que ele me disse, vivendo um dia de cada vez”, afirma Luiz.
Quem também deixou o seu depoimento sobre a importância do Risoleta foi Sandra Issida, coordenadora da Associação Mineira do AVC. Assista aqui: