48º Festival de Inverno da UFMG
Com o tema territórios culturais de trânsito, a 48ª edição do Festival de Inverno da UFMG aborda o trânsito entre os sujeitos de saberes culturais ─ das artes, das tradições, das filosofias e das ciências ─ promovendo confluências e divergências em processos de criação, mediados pelo procedimento da experimentação.
Sob esse prisma, a ciência engloba as artes e gera as chamadas ciências da música, ciências da dança, para citar algumas apropriações. Propomos que as artes sejam o operador estético que pode promover o trânsito entre os sujeitos de diversos saberes e ressaltar a subjetividade, a poética e a condição de criação não somente nas artes visuais, audiovisuais – dança, música, performances e teatro – como também nas ciências, filosofias e nas tradições. Desse modo, as artes têm suas fronteiras esgarçadas para incorporar a ciência, a filosofia e as tradições, com o objetivo de direcionar nosso olhar para a arte que há em cada uma dessas produções de leituras de mundo e para reiterar que todos esses saberes integram os territórios culturais.
Para a identidade visual, trabalhamos com fotografias que retratam diversos objetos ou cenários de naturezas distintas. Essas imagens foram distorcidas, tornando difusos os limites que separam as diferentes formas registradas. As fotografias transfiguradas ficam quase irreconhecíveis, sendo possível identificar apenas alguns elementos dissolvidos em uma composição de texturas e cores, que interagem entre si, mesclando seus espaços. Assim, as imagens, apesar de estáticas, trazem em si um movimento, um fluxo.
Essas distorções foram obtidas por meio do processamento das fotografias utilizando o pixel sorting, que reorganiza os pixels – a menor unidade das imagens digitais – de acordo com critérios exatos, estabelecidas por um script. São, portanto, oriundas de um processo artístico-matemático, no qual o designer tem pouco ou nenhum controle dos resultados obtidos, sendo sua tarefa experimentar a exaustão e selecionar as composições que se mostraram interessantes. Assim, as imagens selecionadas apresentam desvios, intervalos e interrupções plasticamente interessantes e ricas em possíveis interpretações.
Essas distorções representam a fusão de diferentes saberes em uma proposição criativa, em analogia à proposta do Festival.
Ficha técnica
Projeto gráfico: Marcelo Lustosa
Fotos: Lucas Braga