Exposição de Alexandre Menezes resgata memórias de Minas por meio de suas torres e janelas
Por meio de uma releitura de torres, janelas e memórias mineiras, o artista plástico e professor Alexandre Menezes homenageia o estado de Minas Gerais na exposição Sobre torres, janelas e memória, aberta ao público até 2 de fevereiro de 2025, de terça a domingo, no Centro Cultural UFMG. A entrada é gratuita, e a classificação etária é livre.
“Atrás de uma aparente desordem formal, as pinturas escondem uma relação entre intuição e razão, improviso e raciocínio, ludicidade e disciplina. O rigor da observação, que registra torres, janelas e memórias, se expande na vitalidade da pintura, criando um inédito equilíbrio entre perspectivas e gestualidades espontâneas. As manchas soltas, livres e irregulares convivem com linhas precisas, rápidas e concisas. Dessa relação surgem as pinturas, com gestos largos e pingos velozes”, explica o artista.
Esses procedimentos são uma tentativa de pintar não somente o mundo visível, mas também o aspecto simbólico do estado, presente nas memórias, nas histórias, no som, no cheiro e na vida. “Nessas excepcionais obras, o talento do artista parece orbitar por um espaço narrador e prospectante, composto por algumas facetas: a da arquitetura, a dos objetos, detalhes, arremates e a das luzes, tonalidades, sombras e rugosidades. Pela matéria da tela sobrevivem o lugar do real e a ficção plástica do artista voraz, irreverente”, diz a professora Celina Borges Lemos, da Escola de Arquitetura da UFMG.
Os detalhes das obras de Menezes se aproximam de algumas criações artísticas do século passado analisadas pelo crítico Clement Greenberg. Segundo Celina Borges, as obras oferecem a “ilusão das modalidades”, em que a matéria é corpórea e, às vezes, incorpórea, existindo apenas oticamente como uma miragem.
Estética barroca e rococó
O artista é fiel aos detalhes e elementos que compõem a estética barroca e rococó das torres dos lendários templos de Ouro Preto, em Minas Gerais. Os traços e as cores das obras remetem à originalidade primitiva da pedra, da argamassa pintada e da sinuosidade do volume cristalino. “Neste tectônico moldado e configurado numa estética singular, as pinceladas difusas se sobrepõem à matéria equilibrada da construtividade, e esses estilhaços irreverentes alçam o domínio ótico”, informa o texto de divulgação.
As janelas são um elemento lúdico, que atribui importância bem menor ao tátil e tenta delinear quase tudo em um plano bidimensional, aguçando a sensibilidade dos observadores. As pinceladas irregulares e profusas conferem à textura um detalhe rugoso e primitivo para atribuir um sentido original às arquiteturas memoráveis. O artista adota um contraste de tons e das texturas para delinear uma profundidade e uma ambiguidade entre o tático e o ótico.
Sobre as memórias, Alexandre procura sensibilizar, ressignificar o legado secular, a partir da rememoração das cidades erigidas em Minas em séculos passados. Essas cidades são um verdadeiro “palácio de memórias”, cujas arquiteturas, detalhes e paisagens abrigam um longo passado cheio de identidades e lembranças.
O artista
Natural de Belo Horizonte, Alexandre Menezes é formado em Arquitetura e Urbanismo pelo Instituto Metodista Izabela Hendrix e em Belas Artes pela UFMG. É mestre em Arquitetura pela UFMG e PhD pela Universidade de Sheffield, na Inglaterra. Professor desde 1987, já passou por instituições de ensino como Izabela Hendrix, Fumec, PUC Minas e, atualmente, leciona na Escola de Arquitetura da UFMG, sempre trabalhando com desenho e processo criativo na área de Arquitetura e Urbanismo. Desde 1982, Menezes expõe seus trabalhos em mostras coletivas e individuais e em salões de arte no Brasil e no exterior.