Exposição do artista Fernando Costaa destaca a resistência e a força da cultura afro-brasileira
Gravuras, pinturas e objetos conectados à cosmovisão africana de não linearidade do tempo e de valorização da ancestralidade compõem a exposição Espiral-ar, do artista visual Fernando Costaa, que está em cartaz no Centro Cultural UFMG até 8 de dezembro. A entrada é gratuita, com classificação livre.
“Nessa concepção, um permanente processo de transformação se instaura, aqueles que habitam o presente são consequências daqueles que aqui viveram e futuramente serão os ancestrais dos que virão”, informa o texto de divulgação.
As peças expostas denotam a força e a resistência da cultura afro-brasileira e a permanência de estratégias de opressão sobre os corpos pretos. Alguns dos trabalhos sugerem uma visão crítica sobre a condição a que eles estão sujeitos em uma sociedade estruturalmente racista.
Formas circulares são apresentadas como metáforas da dimensão cíclica e interligada das coisas e seres. Segundo a cosmologia Yorubá, o mar é local da travessia e fonte da vida, como é evidenciado nas conchas e búzios que também compõem a exposição.
O artista
Fernando Costaa se denomina "artista e geógrafo do Sul global". Ele é graduado em Geografia e estudante do curso de Artes Visuais com habilitação em Gravura na UFMG. Em sua poética, o corpo negro, constituído subjetivamente em sociedade escravocrata e racista, se contrapõe à lógica hegemônica por meio da reconexão com sua ancestralidade afro-indígena, do trabalho coletivo e da luta antirracista e anticapitalista. Costaa investiga as múltiplas relações entre corpo, memória, gravura, fotografia, instalação e desenho e colabora com projetos artísticos do Sul global, principalmente na América Latina e Ásia.