Evento cultural

Mostra no Centro Cultural homenageia cultura e língua africana falada em Minas Gerais

O esforço de preservar a memória de quilombos do século 18 e de agrupamentos que ainda hoje guardam elementos da cultura africana em Minas Gerais está materializado na exposição Cumbara, aberta ao público no Centro Cultural UFMG. Esse trabalho de resgate foi idealizado pela professora, poeta e editora Sônia Queiroz, da Faculdade de Letras da UFMG.

A mostra tem curadoria de Fabrício Fernandino, professor da Escola de Belas Artes da UFMG, textos de Sônia Queiroz, desenhos aquarelados de Murilo Pagani e mapa de Minas de Rômulo Vianna. Cumbara reúne 13 pranchas de material sintético, impressas em meio digital, com imagens e textos curtos sobre sete quilombos do século 18 e 11 agrupamentos que, ainda hoje, guardam a memória dos africanos e seus descendentes brasileiros.

As imagens dos quilombos são reproduções digitais de aquarelas que integram o manuscrito anônimo, hoje pertencente ao acervo da Biblioteca Nacional, do relato de A expedição do Campo Grande, Cayeté, Abayeté e de Paracatu, de 1769, período da gestão do Conde de Valadares como governador e capitão-general das Minas Gerais.

Reproduções de desenhos aquarelados
As imagens dos agrupamentos que, ainda no século 20, em Minas, preservaram língua e cultura banto consistem em reproduções digitais de desenhos aquarelados do artista visual Murilo Pagani, ex-aluno da Escola de Belas Artes da UFMG. Nessas imagens, são evidenciadas a língua de negro, ou língua do Negro da Costa, os vissungos, os cantos de enterro e de trabalho, o candombe e o Reinado de Nossa Senhora do Rosário. A mostra inclui mapa de Minas elaborado por Rômulo Vianna, com a localização recente desses agrupamentos. O projeto gráfico e a diagramação das pranchas são de Pedro Peixoto.

Os textos, escritos na língua do Negro da Costa, ainda hoje falada no bairro Tabatinga, em Bom Despacho, oeste de Minas Gerais, são de Sônia Queiroz, que pesquisa línguas e culturas banto em Minas Gerais. Ao fim do roteiro, o visitante encontrará uma prancha com o vocabulário banto utilizado nos textos e sua tradução para o português brasileiro.

Trajetória
Licenciada e mestre em Letras pela UFMG e doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, Sônia Queiroz foi professora da Faculdade de Letras da UFMG por 38 anos (1983-2021). Atualmente, ela atua como voluntária. A pesquisa realizada no mestrado sobre remanescentes de línguas banto falado no bairro da Tabatinga, em Bom Despacho (MG), deu origem ao livro Pé preto no barro branco: a língua dos negros da Tabatinga (1998). De 2017 a 2019, Sônia desenvolveu a pesquisa Minas afrodescendente: histórias da tradição banto, na qual identificou redes de narrativas orais registradas em livro no Brasil, em Angola e Moçambique. 

Nos anos seguintes, Sônia Queiroz dedicou-se à pesquisa do vocabulário de línguas banto remanescente em falares, cantos e contos registrados por pesquisas de campo realizadas em Minas Gerais e à identificação dos registros desses vocábulos em dicionários brasileiros da língua portuguesa e das principais línguas do grupo banto faladas no Brasil colonial (quicongo, quimbundo e umbundo). Essa compilação aparece no livro Palavra banto em Minas, publicado em 2019 e disponível gratuitamente no site da Editora UFMG.

As obras poderão ser vistas até 23 de março, de terça a sexta-feira, das 9h às 20h, e nos sábados, domingos e feriados, das 9h às 17h. A entrada é gratuita, e a classificação etária é livre.

Descrição Imagem
‘Candombe’, desenho aquarelado de Murilo Pagani, integra a exposição ‘Cumbara’ Foto: divulgação

Ficha técnica

Exposição Cumbara
Curadoria: Fabrício Fernandino
Textos: Sônia Queiroz
Desenhos aquarelados: Murilo Pagani
Mapa de Minas: Rômulo Vianna
Abertura: 21 de fevereiro de 2025, às 19h
Visitação: até 23 de março de 2025
Horário: terça a sexta-feira, das 9h às 20h, e sábados, domingos e feriados, das 9h às 17h
Local: Espaço Experimentação da Imagem do Centro Cultural UFMG (Avenida Santos Dumont, 174)
Classificação etária livre
Evento gratuito

Serviço

21 de fevereiro a 23 de março de 2025

Espaço Experimentação da Imagem do Centro Cultural UFMG

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Entrada franca

Avenida Santos Dumont, 174