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Dia Nacional da Liberdade de Imprensa: Brasil ocupa a 110ª posição em ranking mundial de liberdade de imprensa

País registrou 430 casos de violência contra a categoria em 2021. Presidente Jair Bolsonaro é o principal agressor

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. Wikimedia Commons

O Dia Nacional da Liberdade de Imprensa é celebrado nesta terça-feira, 7 de junho. A data faz alusão a um acontecimento de exatos 45 anos, quando, no auge da ditadura militar, três mil jornalistas assinaram um manifesto exigindo a instauração de uma imprensa livre e o fim da censura no Brasil. Desde então, esse dia é lembrado como um ato de resistência a favor da liberdade de expressão e da importância do exercício jornalístico dentro da democracia. 

Porém, depois de avanços ao longo dos anos, a realidade atual apresenta um cenário desfavorável aos profissionais de mídia. Em 2021, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), registrou 430 casos de violência contra a categoria e o principal agressor foi o próprio presidente da República. Sozinho, Jair Bolsonaro foi responsável por 147 casos, mais de 34% do total, sendo 129 falas de descrédito à imprensa e 18 agressões verbais a comunicadores. Além disso, segundo dados da Organização Internacional Repórteres sem Fronteiras, o país ocupa o centésimo décimo lugar no ranking de liberdade de imprensa no mundo entre 180 nações analisadas. 

Outro componente que chama atenção foram os ataques de gênero direcionados à imprensa: 119 ao longo do ano passado, de acordo com levantamento da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), e da Unesco, o que representa quase 10 casos de agressões, ofensas, ameaças e intimidações por mês. Também tem sido usada como forma de constrangimento a via judicial. Processados por calúnia e difamação, comunicadores têm sido condenados a pagar indenizações de alto valor e até à prisão. 

Este mês de junho também marca as duas décadas da morte do repórter investigativo Tim Lopes, assassinado enquanto trabalhava em uma reportagem sobre exploração sexual de adolescentes e tráfico de drogas no Rio de Janeiro. Torturado e executado por traficantes, Tim Lopes tornou-se um símbolo da luta pela liberdade de imprensa no país.

O programa Conexões conversou sobre os prejuízos que a liberdade de imprensa tem sofrido no Brasil ultimamente e o papel do jornalismo na democracia, com a jornalista Samira de Castro, segunda vice-presidenta da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).

Ouça a conversa com a jornalista Luiza Glória:

Ouça também depoimentos de jornalistas sobre o Dia Nacional da Liberdade de Imprensa:

A entrevista com a jornalista Samira de Castro foi a maneira da Rádio UFMG Educativa de refletir sobre a importância do Dia Nacional da Liberdade de Imprensa e do trabalho jornalístico, e ressaltar como essa atividade é essencial para o funcionamento da democracia. Não só os profissionais ameaçados e perseguidos, mas a sociedade como um todo perde com o fortalecimento de um ambiente hostil à imprensa.

Produção: Alícia Coura e Arthur Resende, sob orientação de Alessandra Dantas e Luiza Glória