Ministério do Meio Ambiente premia dissertações do IGC sobre economia florestal
Trabalhos abordam regularização de reservas ambientais e cultura do açaí no Norte do país
Mestras do Programa de Análise e Modelagem de Sistemas Ambientais (AMSA) no Instituto de Geociências (IGC), as pesquisadoras Rayane Pacheco Costa e Elaine Lopes da Costa foram agraciadas na quinta edição do Prêmio Serviço Florestal Brasileiro em Estudos de Economia e Mercado Florestal, promovido pelo Serviço Florestal Brasileiro, órgão do Ministério do Meio Ambiente.
Orientada pelos professores Raoni Rajão e Britaldo Soares, Rayane é autora da dissertação Estimativa da demanda por regularização do passivo de reserva legal nos estados do Pará e Mato Grosso, defendida em 2016, que ficou com o primeiro lugar na categoria Profissional.
Contemplada com menção honrosa na mesma categoria, Elaine Lopes defendeu, em 2017, a dissertação Pode o açaí (Euterpe precatoria Mart.) ser parte importante no desenvolvimento socioeconômico das famílias extrativistas no Acre, Brasil?, orientada por Britaldo Soares e Sónia Carvalho.
O trabalho de Rayane investiga e sugere alternativas para amenizar o impacto decorrente do descumprimento da obrigação legal de preservação da vegetação nativa. O dispositivo estabelece a produtores rurais brasileiros um limite em relação à exploração desses territórios. A pesquisa procurou estimar a demanda por regularização do passivo de reserva legal em diferentes cenários, considerando os estados do Pará e Mato Grosso.
A pesquisa de Elaine, por sua vez, aborda os dilemas inerentes ao extrativismo na Amazônia e a função estratégica dos produtos florestais não madeireiros – como a borracha, a castanha e o açaí – para a melhoria da subsistência das florestas e para a conservação da biodiversidade. O foco foi conferido à influência do mercado do açaí na economia das famílias. Desde os anos 1990, o fruto é o principal produto extrativista da Amazônia.
A cerimônia de premiação será realizada em Brasília, na próxima quarta-feira, 21 de março.
Política de nucleação
Rayane é natural do Pará, e Elaine nasceu no Acre. A inserção das duas pesquisadoras da região Norte no Programa de Pós-graduação em Análise e Modelagem de Sistemas Ambientais não é uma coincidência geográfica. Segundo o coordenador, professor Rodrigo Affonso de Nóbrega, o programa adota o que chama de "política de nucleação", que consiste em “empenhar esforços para favorecer o ingresso de alunos de regiões periféricas do Brasil”.
“Nossas pesquisas também são geograficamente abrangentes e alcançam regiões cuja vulnerabilidade ambiental e socioeconômica tem origem na deficiência de planejamento e na ineficiência das políticas públicas”, acrescenta o professor.
Segundo Rodrigo de Nóbrega, a política de nucleação foi recomendada pela coordenação de área do comitê de Ciências Ambientais da Capes, durante reunião de coordenadores de programas de pós-graduação realizada no ano passado, em Curitiba.
Os trabalhos na íntegra e outras informações sobre o concurso estão disponíveis no site da Escola de Administração do Ministério da Fazenda (Esaf).
[Correção: o prêmio é promovido pelo Serviço Florestal Brasileiro, órgão do Ministério do Meio Ambiente. A Esaf, vinculada ao Ministério da Fazenda, é parceira na iniciativa.]