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Escolas precisam criar espaços de discussão sobre o bullying, alerta professor

Ataque em Goiânia levanta debate sobre o papel dos pais e da escola no combate à prática

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Nenhuma escola está imune ao bullying, alerta professor da UFMG
USP Imagens

Na última sexta-feira, um adolescente de 14 anos abriu fogo contra colegas matando dois estudantes e deixando quatro feridos em uma escola particular de Goiânia. Filho de policiais militares, ele levou a arma da mãe em uma mochila e esperou o intervalo de aula para cometer o ataque. De acordo com depoimentos, o garoto era vítima de bullying e uma das vítimas era o principal autor das chacotas. O episódio levantou mais uma vez a necessidade de problematizar o combate ao bullying nas escolas.

O conceito de bullying surgiu no final dos anos 1990 na Europa. Pela primeira vez, um pesquisador lançou um olhar sobre uma prática recorrente entre os jovens dentro de sala de aula. "O bullying é uma ameaça e um amedrontamento. Mas veja bem, isso sempre aconteceu dentro da escola em todo o mundo. Mas agora começou a dar problemas sérios como adoecimento e suicídio de alunos", explica Luiz Alberto Oliveira Gonçalves, professor titular de Metodologia de Pesquisa da Faculdade de Educação (FaE) da UFMG, em entrevista ao Programa Conexões desta terça-feira, 24.

Como identificar se crianças e adolescentes estão sofrendo ou praticando bullying na escola e oferecer ajuda? "Os pais e a escola devem perceber o que acontece com o aluno. Se ele começa a faltar as aulas ou a ter distúrbios de comportamento, por exemplo. Nenhuma escola está imune a essa situação. E a instituição precisa criar espaços de discussão sobre isso", orienta o professor, que chama a atenção para o uso da internet e das redes sociais para potencializar essa prática para além dos muros da escola.

No episódio de Goiânia, o estudante contou aos policiais que se inspirou nos massacres de Columbine, em 1999, nos Estados Unidos, que deixou 12 alunos e um professor mortos, e de Realengo, em 2011, no Rio de Janeiro, que deixou 12 mortos. "Essas informações circulam por aí barbaramente. Os pais precisam acompanhar o que seus filhos estão vendo na internet. Quando Columbine aconteceu, esse menino não era nem nascido. Como ele chegou a essas informações? Um dos desafios é como educar em um contexto onde esses meninos têm acesso a esse tipo de rede diariamente", questiona o professor da FaE.

Embora todas as discussões estejam voltada para a questão do bullying, Luiz Alberto Oliveira Gonçalves chama a atenção para o fácil acesso que o jovem teve a uma arma de fogo para cometar o ataque. "Esse menino poderia estar sofrendo bullying. Mas pergunto: se ele não tivesse acesso à arma, será que faria isso?", indaga.

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