'Lugar de ficar': FaE celebra 55 anos de fundação e oito décadas do curso de pedagogia
Comemorações têm início nesta segunda, 6, com pintura de parede externa, e se encerram com discussão sobre o histórico da unidade e do curso, na sexta-feira, 10
“A Faculdade de Educação (FaE) não é lugar de passagem, é lugar de ficar.” Assim a professora Andrea Moreno, atual diretora da FaE, apresenta a unidade, que, em 2023, celebra 55 anos de fundação – história que, em alguma medida, tem antecedentes ainda mais antigos, quando foi criado, na década de 1940, o curso de pedagogia, então sediado na Faculdade de Filosofia (Fafi), posteriormente denominada Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich). A FaE organizou uma programação para celebrar as duas efemérides, com atividades que têm início nesta segunda-feira, 6, e seguem até sexta-feira, 10.
Referência não apenas na formação de professores, mas também de pensadores e pesquisadores na área da educação, a FaE foi criada oficialmente em 28 de fevereiro de 1968, por meio de decreto que reestruturou a UFMG, resultando, ainda, em outras seis unidades acadêmicas, desmembradas da Fafi. À época, a unidade era composta de cinco departamentos. Três deles permanecem até hoje: Administração Escolar (DAE), Ciências Aplicadas à Educação (Decae) e Métodos e Técnicas de Ensino (DMTE).
Diferentemente da data de fundação da FaE, a de criação do curso de graduação em pedagogia é um tanto mais incerta. Andrea Moreno explica que a Fafi, fundada em 1939, só teve a criação de cursos autorizada a partir do ano seguinte. “Há uma controvérsia se o curso de pedagogia foi criado em 1941 ou 1942. Ao que tudo indica, ele já existia desde os anos iniciais da Fafi, mas sem permissão oficial, e o reconhecimento só se deu por volta de 1946, 1947. Os documentos não deixam certa a data de fundação, mas, como é perfeitamente plausível do ponto de vista histórico, resolvemos tomar o ano de 1943 como referência e considerar que o curso chega agora a oito décadas de atividades”, contextualiza.
Vanguarda
A diretora considera que a FaE, hoje composta de 206 servidores – 139 docentes e 67 técnico-administrativos –, teve, desde sua fundação, importância e reconhecimento em todo o cenário nacional. “Tanto que, apenas dois anos após a inauguração, a Faculdade deu seus primeiros passos na organização da pós-graduação. Na época, ainda havia poucos mestrados em educação no país, e o nosso Programa de Pós-graduação em Educação (PPGE), considerado pioneiro, já ultrapassa cinco décadas, assim como a própria FaE”, argumenta.
O PPGE tem alcançado, há alguns anos, nota máxima na avaliação quadrienal dos programas de pós-graduação (PPGs) brasileiros realizada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). “A nossa estrutura não se limita apenas à formação na graduação em pedagogia, de professores para a educação básica, área muito importante. Também somos responsáveis por gerar, por meio de uma formação bastante ampla, sólida e aprofundada, pensadores que atuam em diversas frentes de trabalho da educação brasileira”, ressalta.
Políticas públicas
A FaE é a casa de nomes como Carlos Roberto Jamil Cury, Dalila Oliveira, Eduardo Mortimer, Francisco Soares (o “Chico Soares”), Lucíola Licínio de Castro, Maria Alice Nogueira, Miguel Arroyo e Nilma Lino Gomes, todos eles hoje professores eméritos da UFMG. “Além da formação de docentes para outras instituições, é preciso destacar os nossos próprios professores, pesquisadores que vêm atuando na garantia e na defesa de políticas públicas e que são amplamente reconhecidos como intelectuais de vanguarda e também, claro, pela presença política de pessoas como a professora Nilma, que foi nossa ministra”, afirma Andrea Moreno.
A diretora da FaE destaca ainda programas sediados na unidade, entre os quais, o Observatório da Juventude, o Observatório Sociológico Família-Escola, o Núcleo de Pesquisa em Desigualdades Escolares (Nupede), o Pensar a Educação Pensar o Brasil, além da Formação Intercultural para Educadores Indígenas (Fiei) e a Licenciatura em Educação do Campo (Lecampo). “Temos aqui um grupo pioneiro nas discussões sobre ações afirmativas, que contribuiu significativamente para os avanços nesse campo, não apenas na UFMG, reconhecendo que esta é uma necessidade real, assim como a Fiei e a Lecampo, inaugurada com o Reuni [Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais]. Somos também pioneiros na oferta desses cursos com o compromisso político de intervir no cenário da educação nacional. Tudo o que fazemos na FaE reafirma não só a nossa competência, mas o nosso comprometimento político com uma educação pública gratuita, de qualidade, com compromisso social, que é a nossa vocação”, assegura.
Atividades comemorativas
A programação idealizada para as comemorações é baseada na perspectiva da FaE como “lugar de ficar” e foi planejada para os turnos diurno e noturno, a fim de contemplar um número maior de estudantes. “Fazemos um esforço enorme, embora não seja fácil, para criar espaços de convivência e de confraternização, o que se revela na programação. É uma comemoração festiva, de confraternização, com eventos culturais, que traz a comunidade para mais perto”, garante Andrea Moreno.
Nesta segunda-feira, 6, haverá pintura de parede externa da FaE, com motivos pedagógicos, em alusão às oito décadas do curso de pedagogia. A atividade será realizada em dois horários: das 10h30 às 14h e das 17h às 20h. Na terça-feira, 7, a atividade Palco da palavra reúne apresentações artísticas da comunidade acadêmica. Serão duas edições, das 10h30 às 11h30 e das 18h às 19h, ambas no hall da unidade. Na quarta-feira, 8, haverá duas atividades: Samba do corredor, formado por servidores docentes e técnico-administrativos, e o Parabéns com bolo, também no hall, das 10h30 às 11h30 e das 18h às 19h. Na quinta-feira, 9, o estacionamento dos professores recebe, a partir das 19h, a intervenção artística Fae’z a Rima, com o coletivo de mesmo nome, que promove a cultura juvenil negra na FaE, e vai apresentar batalhas de hip hop.
O encerramento das comemorações será na sexta-feira, a partir das 9h, quando o auditório Neidson Rodrigues recebe a mesa O curso de pedagogia da Fae UFMG: 80 anos de história. A atividade terá exposições dos professores Luciano Mendes de Faria Filho, com foco nos anos 1930 e 1940, João Victor da Fonseca Oliveira, que abordará a década de 1960, e da professora Maria Conceição Fonseca, que tratará da atualidade. Após a atividade, às 11h, será lançado o livro Coletivas e singulares, de autoria de alunas da graduação em pedagogia, e a abertura da exposição 55 anos da FaE, preparada pelo Centro de Documentação Histórica.