Pró-reitores reúnem-se na UFMG para discutir gestão e boas práticas
Fórum nacional com gestores de planejamento e administração das universidades foi aberto nesta quarta-feira
Os impactos do novo marco legal da ciência, tecnologia e inovação sobre as universidades federais, a adoção de novas tecnologias de gestão e de um modelo de gerenciamento de risco são alguns dos assuntos que mobilizam gestores, docentes e técnicos nesta semana, no campus Pampulha. Até sexta-feira, 5 de abril, eles participam da primeira reunião, em 2019, do Fórum dos Pró-reitores de Planejamento e Administração (Forplad), vinculado à Associação Nacional dos Dirigentes das Universidades Federais (Andifes). O evento foi aberto na tarde desta quarta-feira pela reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart Almeida.
“As verbas para educação, ciência e tecnologia não devem ser vistas como gastos, mas como investimentos”, defendeu a reitora. Em seu entendimento, quanto mais o orçamento para as universidades for “estrangulado”, mais impactos negativos serão sentidos na sociedade. “Não se constrói um país sem investimento contínuo e sustentável nessas áreas. Em momentos de crises, outros países fizeram esse movimento e foram bem-sucedidos”, completou Sandra Goulart, informando que, a cada R$ 1 que retorna para a UFMG em decorrência de licenciamento de tecnologias, R$ 30 são gerados para o Estado.
A reitora também chamou a atenção para o momento “desafiador”, em que as universidades brasileiras sofrem ataques tanto na esfera econômica quanto na simbólica. “Há muitos anos, a educação superior pública enfrenta dificuldades para obter financiamentos. Atualmente, no entanto, também estão sendo minadas nossa autonomia e nossa legitimidade”, argumentou.
Para Sandra Goulart, as universidades são instrumentos de combate às desigualdades e injustiças sociais e "não podem ser vistas como mercadorias, como querem alguns líderes. É preciso que a comunidade acadêmica faça um corpo a corpo visando à conscientização de toda a sociedade".
O coordenador nacional do Forplad, Thiago José Galvão, que é pró-reitor de Planejamento, Orçamento e Gestão da Universidade Federal de Pernambuco, destacou que "é papel de todos os pró-reitores de planejamento e administração defender as propostas condizentes com a importância das universidade para sociedade”.
Segundo os pró-reitores da UFMG Mauricio Freire Garcia (Planejamento) e Ricardo Fakury (Administração), as reuniões do Fórum são extremamente produtivas, porque geram oportunidade de intercâmbio acerca de soluções para problemas similares enfrentados pelas universidades.
Gestão de tecnologia
Durante os três dias de reunião, os gestores vão analisar como o novo marco de CT&I (a legislação de 2016 foi regulamentada em 2018) impacta as Ifes e, especialmente, o papel das fundações de apoio no novo cenário. De acordo com Mauricio Freire, a legislação cria possibilidades para os núcleos de inovação tecnológica das universidades. “O novo marco traz determinações sobre como as instituições passam a gerir suas patentes”, comenta o pró-reitor, lembrando que UFMG tem práticas bem estabelecidas na relação com a Fundep e a Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT).
Outro painel vai abrigar discussão sobre ferramentas no campo da chamada Business Intelligence que podem ser utilizadas na tomada de decisões por parte das universidades. O debate, que começa às 11h desta quinta, no auditório da Reitoria, será conduzido pelo professor Edson Cáceres, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
Também na área da gestão, os pró-reitores vão validar, ainda nesta quinta-feira, a versão final do sistema ForRisco, que tem o objetivo de sistematizar o gerenciamento de riscos em áreas como a orçamentária (incluindo processo de licitação e de pagamento de bolsas), a legal e a ambiental. O ForRisco estará à disposição, sem ônus, de órgãos públicos e instituições.
Boas práticas
Como é tradição nas reuniões do Forplad, a UFMG, como anfitriã, apresentou relatos de boas práticas no primeiro dia de reunião. A professora Juliana Torres de Miranda, presidente da Comissão Permanente de Pessoal Docente (CPPD), expôs a matriz de distribuição de docentes, que serve de base, segundo critérios objetivos e variáveis claras, para decisões de reposição e redistribuição dos professores entre departamentos.
A Universidade também mostrou o projeto Oásis, destinado a aumentar a eficiência energética por meio de conjuntos de microturbinas acopladas a sistemas geradores e consumidores de calor. “O projeto é considerado excepcional por especialistas de fora da UFMG”, afirma Ricardo Fakury. O Oásis, que conta com parceria da Cemig, começa a ser implantado no Centro de Treinamento Esportivo (CTE). A apresentação ficou a cargo do professor Braz Cardoso Filho, que está à frente do projeto.
O terceiro caso relatado ontem foi o programa Participa UFMG, que estimula e organiza iniciativas e colaborações, dentro e fora da Universidade, destinadas a apoiar as comunidades atingidas pelo rompimento de barragens de minério em Mariana e Brumadinho. O programa foi abordado em exposição da pró-reitora de Extensão, Claudia Mayorga.