Renato Sampaio e Carlos Aleixo são reconduzidos à direção da Escola de Música
Para o diretor, pandemia dificultou as ações do primeiro mandato; na cerimônia de posse, reitora anunciou que anexo da Unidade deverá ser licitado na virada do ano
Os professores Renato Tocantins Sampaio e Carlos Aleixo dos Reis foram reempossados nos cargos de diretor e vice-diretor da Escola de Música na noite desta terça-feira, dia 9, em solenidade realizada no auditório da unidade. Responsável pelo discurso de transição da gestão 2018-2022 para a gestão 2022-2026, o professor Oiliam José Lanna, do Departamento de Teoria Geral da Música, destacou os méritos do trabalho realizado por Renato Sampaio e Carlos Aleixo em seu primeiro ciclo à frente da unidade. “Foi uma brilhante gestão. Uma gestão cheia de imprevistos e desafios, decerto, mas bravamente enfrentados, com o sucesso permitido para as circunstâncias difíceis e mesmo trágicas que são próprias do nosso momento”, afirmou, em alusão à pandemia de covid-19.
Oiliam disse ser simbólico que a direção da unidade conte com um representante da musicoterapia e outro da área de instrumentos – subáreas que, no seu entendimento, articulam de modo singular as instâncias da ciência e da arte no campo da música – e destacou a importância da continuidade que se estabelece com a recondução da dupla aos cargos de diretor e vice-diretor. “Pois o que deve continuar? A gentileza, a escuta, a simplicidade, a transparência; a escuta do outro, o respeito pelo outro, esses valores talvez até aparentemente óbvios, mas que são essenciais – e que nunca foram tão necessários como atualmente”, destacou.
“Talvez neste momento a gente esteja precisando muito – como sempre, mas em alguns momentos de maneira mais visceral – de humanidade, de integração, de luta contra o preconceito", acrescentou o professor. “Nós precisamos pensar e repensar o tempo todo esta Universidade, que deve ser inclusiva, plural, democrática”, defendeu Oiliam.
O desafio de driblar os cortes
Os cortes orçamentários impostos às universidades federais estiveram no centro do pronunciamento da reitora Sandra Regina Goulart Almeida durante a cerimônia. Ela lembrou que, desde 2015, a UFMG perdeu 80% do seu orçamento de capital e investimento, um “patamar inaceitável”, responsável, segundo ela, por inviabilizar várias obras na Universidade, "entre elas, a do tão desejado anexo da Escola de Música”, exemplificou. “Aos poucos, vamos conseguindo reverter esse cenário, mas de forma muito lenta, devido à [continuidade da] restrição orçamentária. Esperamos licitar, até o fim deste ano, no máximo no início do próximo ano, o anexo da Escola de Música”, anunciou a reitora.
Em sua saudação aos diretores, Sandra Goulart manifestou “apreço e reconhecimento público, em nome de toda a UFMG, aos êxitos que alcançaram e ao zelo e empenho com que conduziram sua gestão”. “A UFMG reconhece em vocês dois os melhores traços de sua tradição de gestão: a habilidade no trato das questões espinhosas, o espírito de cooperação, o comprometimento com os ideais mais nobres da nossa instituição, a flexibilidade para ajudar a formar soluções para tantos dilemas de dimensão institucional – tudo isso temperado com a necessária reflexão crítica, a atenção aos anseios de uma coletividade plural e a serenidade e a delicadeza das interações conjugadas à firmeza necessária de atuação. É um equilíbrio tênue, não facilmente encontrado, que essa dupla, dinâmica e harmônica, conduziu com a maestria que lhe é característica”, enumerou Sandra Goulart.
Dedicação, leveza e "sacro ofício"
Ao tomar posse, Renato Sampaio lembrou que, em 2020 e 2021, anos de isolamento social mais radical em razão da covid-19, “o mundo pôde observar a importância da música e de outras práticas artísticas para a manutenção do contato entre as pessoas – em especial, o modo como a música foi importante para a manutenção da saúde mental e para diminuir ou diluir o sofrimento psíquico das pessoas”. “Ao mesmo tempo, infelizmente, a música e as artes, como um todo, não receberam o reconhecimento e o espaço que merecem. Cabe ressaltar, nesse sentido, que a UFMG caminhou em direção contrária a tudo isso, fomentando uma série de ações que culminaram na recente criação da Pró-reitoria de Cultura”, lembrou Sampaio.
Em seguida, rememorando o que Italo Calvino postulou na primeira de suas “propostas para o próximo milênio” – que trata da leveza –, Renato disse: “É isso que eu e Carlos buscamos fazer como gestores neste período que hoje se encerra, e é isso que almejamos para a nossa comunidade neste período que hoje se inicia: que possamos viver e ser leves, a partir do nosso musicar no mundo e do nosso musicar o mundo. Trabalhar com arte e com o ensino de arte em uma universidade pública tornou-se hoje um ato de resistência – e de necessidade. Mas não podemos nos esquecer da leveza em nosso modo de fazer arte, de ensinar arte e, principalmente, de conviver no fazer artístico”, convocou.
“Carlos e eu chegamos à direção da escola cientes das grandes responsabilidades e expectativas depositadas em nosso trabalho. Buscamos pautar nossas ações no diálogo, na construção coletiva, na busca por uma convivência harmoniosa", acrescentou Sampaio. “Em nossa primeira gestão, ficamos distantes de realizar tudo o que planejamos e propusemos, mas fico com o coração e a mente tranquilos por saber que fizemos o melhor para manter a nossa querida Escola de Música funcionando com a sua reconhecida qualidade em ensino, pesquisa, extensão e produção artística neste momento em que ela se avizinha dos seus 100 anos de existência”, disse ele, ao concluir que os primeiros quatro anos de direção não foram de sacrifício, mas de “sacro ofício”.
Posse da Música - 2022-2026
Renato Sampaio assina termo de posse
Após posse, vice-diretor Carlos Aleixo apresentou-se à viola, junto à pianista e professora da UEMG Cenira Boaventura Schreiber
Coral Ars Nova se apresentou na cerimônia