Grupo da EBA apresenta espetáculo inspirado nas comédias populares de Martins Pena
Dezesseis artistas que precisam vender seu trabalho apresentam suas cenas como se fossem amostras grátis no espetáculo Teatro à venda – comédias populares. O espetáculo, que será apresentado em três sessões nesta semana, é gratuito e aberto a todos os públicos.
A Praça de Serviços será palco de Teatro à venda nos dias 12 e 13 de abril de 2023, no âmbito dos projetos Quarta Doze e Trinta e Ao Cair da Tarde, respectivamente. Na quarta-feira, a encenação começa às 12h30 e, na quinta, às 17h30. Na sexta-feira, 14, a trupe sobe ao palco do Centro Cultural UFMG, sede do projeto Baixo Centro Encena, a partir das 18h30.
Teatro à venda – comédias populares é resultado das atividades de ensino e de pesquisa teatral realizadas na disciplina Prática de criação cênica, ministrada pela professora Bya Braga, do curso de graduação em Teatro, integrante do grupo de pesquisa cênica Lapa UFMG, do Departamento de Artes Cênicas da Escola de Belas Artes (EBA).
Teatro popular
Com base nas ideias do teatro de feira e do teatro cômico popular, o espetáculo reúne cenas inspiradas em quatro comédias do dramaturgo brasileiro Martins Pena, escritas no século 19: Judas em sábado de Aleluia, A família e a festa na roça, O caixeiro da taverna e O usurário. Na montagem, os atores ressaltam e problematizam questões culturais e sociais brasileiras como patriarcado, machismo, racismo, aporofobia, autoritarismo e outros preconceitos que marcam também a relação com a cultura e a arte da cena cômica popular.
O jogo da atuação nas composições cênicas é valorizado no espetáculo, que agrega elementos grotescos, farsescos e o uso de máscaras, fortalecendo a arte da cena popular. Os atores e as atrizes propõem interação com seu público, que poderá, ao fim da apresentação, fazer contato com a equipe pelo perfil do evento no Instagram e comprar suas cenas e performances. Também serão aceitas outras contribuições.
Descolonização do teatro brasileiro
Bya Braga, diretora do espetáculo, diz que o curso foi um momento em que se estabeleceu um diálogo mais estreito com a experiência da metodologia de pesquisa performativa. "Em nossa experimentação, partimos de perguntas relacionadas à descolonização do teatro brasileiro, repercutindo a discussão sobre a comemoração dos 200 anos de independência do Brasil", explica a professora.
"O chamado teatro colonial foi marcado no Brasil por referências estéticas do teatro literário europeu que, aqui, apropriou-se de performatividades dos povos originários e escravizados com fins de colonização. No século 19, a arte teatral deu sinais de busca por independência do modelo teatral literário europeu. A inclusão da cultura popular brasileira, presente em festas, folias e saberes tradicionais, dá sinais da busca por essa independência. Assim entendemos a obra do autor teatral brasileiro Martins Pena", conclui Bya Braga.