Sexta, às 18h30: espetáculo no Centro Cultural recorre à bufonaria para refletir sobre exclusão social e saúde mental
Três fadas em busca de uma asa perdida protagonizam o espetáculo do Coletivo Bufadas que será apresentado na sexta-feira, 26 de maio, às 18h30, no auditório do Centro Cultural UFMG. A peça Três fadas moribundas, gratuita e de classificação etária livre, foi idealizada por Carol Oliveira, tem dramaturgia de Byron O’Neill e direção de Joyce Malta.
"De longe, muito longe, em um mundo antes deste mundo existir, onde o vento faz a curva, as montanhas brincam de roda, os rios são feitos de algodão doce, e os oceanos, de bacalhau, existe um lugar mágico onde há florestas antigas de recém-nascidas, vulcões cuspidores de lama vermelha adubo e seres fantásticos feito baratas e cavalos, se alumbram elas, três fadas vindas do Antesmundo, à procura da asa perdida em suas jornadas rumo às estrelas", diz o texto de divulgação do evento.
Ludicidade, arte e saúde mental
O espetáculo cênico-musical Três fadas moribundas estreou em Belo Horizonte em agosto de 2022. Com montagem lúdica e para todas as idades, a peça narra a trajetória das três fadas em busca da asa perdida de uma delas. Em meio às aventuras, elas falam sobre afeto.
A peça foi concebida para ser apresentada aos trabalhadores e pacientes em tratamento nos serviços de urgência psiquiátrica da Prefeitura de Belo Horizonte, com a finalidade de levar cuidado, arte e ludicidade. Sua idealizadora, a artista Carol Oliveira, também é terapeuta ocupacional e trabalha há mais de dez anos na Rede de Saúde Mental da Prefeitura. Para viabilizar o projeto, Carol se uniu a Joyce Malta, artista com experiência na bufonaria, intervenções urbanas e performances em espaços públicos e não convencionais, que assumiu a direção do espetáculo.
A dramaturgia, do premiado diretor mineiro Byron O’Neill, leva em consideração a experiência de Joyce em bufonaria e as vivências e histórias da saúde mental de Carol, além de discussões sobre o momento do país, lançando mão também de textos de Ailton Krenak. A produção trata de perda, busca, empatia e acolhida. A peça já foi encenada em 16 centros de atenção psicossocial (Caps) de Belo Horizonte e três centros de convivência.
Segundo o coletivo, a figura do bufão é instigante porque favorece um trabalho rebuscado com o grotesco, a ironia, o humor, causando vislumbre na plateia e questionando as diferenças. "A bufona e o bufão são seres excluídos, que não fazem parte do jogo social, assim como diversas pessoas. Por isso, Três fadas moribundas convida o público a aceitar ou, pelo menos, respeitar as diferenças", explicam os integrantes do coletivo.