60 anos da Anistia Internacional: conheça a história da ONG que luta pelos direitos humanos
Em entrevista à Rádio UFMG Educativa, ex-assessor de direitos humanos da instituição detalhou a atuação do movimento social no Brasil e no mundo
A Anistia Internacional completa, neste ano, seis décadas de atuação. A ONG fundada em 1961 está presente em mais de 150 países e conta com mais de 10 milhões de membros e ativistas. O foco da organização é a luta pelo respeito aos direitos humanos, buscando garantir justiça, igualdade e liberdade para todas as pessoas. A atuação da Anistia Internacional ao longo das últimas décadas influenciou a liberdade de milhares de presos políticos, a segurança de comunidades marginalizadas e o fim da pena de morte em dezenas de países.
A história e a atuação do movimento global foram tema de entrevista no programa Conexões desta quarta, 2, com o professor-adjunto do Departamento de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e ex-assessor de Direitos Humanos da Anistia Internacional, Maurício Santoro. Ele explicou como as ações da ONG se transformaram ao longo do tempo, desde as cartas enviadas a governos autoritários nos anos 60 ao trabalho de conscientização feito nos dias de hoje com suporte da tecnologia e mobilizações virtuais e, antes da pandemia, no espaço público.
O professor também comentou como a atuação do órgão foi se ampliando de países com governo ditatorial para nações desenvolvidas em regime democrático por conta da consciência cada vez maior de que os direitos humanos também são violados e ameaçados nesses locais. Sobre a atuação da ONG no Brasil, Maurício Santoro destacou o período da ditadura militar.
“A Anistia trabalhou muito com os brasileiros que estavam presos aqui e que estavam sob tortura. Naquele momento, o que a Anistia muitas vezes conseguiu foi manter essas pessoas vivas. Em 2014, quando houve o aniversário de 50 anos do golpe de estado no Brasil, entrevistamos muitos daqueles antigos presos de consciência e todos eles ressaltaram que essa ação nos anos 60 e 70 foi muito importante. A ditadura tinha medo desse olhar internacional, dessa pressão e algo que eles destacaram é que foi muito importante para eles sentir que havia pessoas preocupadas com o seu bem estar, porque eles se sentiam muito isolados na prisão", detalhou.
Santoro pontuou que a agenda dos direitos humanos é mais importante ainda para as pessoas mais pobres e por isso é urgente que elas tenham acesso a essa luta. Ele também explicou os motivos pelos quais o Brasil é considerado um dos países mais perigosos do mundo para ativistas. O ex-assessor de direitos humanos também lembrou sua experiência no período em que esteve na Anistia.
“Me marcou profundamente tanto pelo o que eu vi do Brasil contemporâneo quanto por poder conhecer e conversar com ativistas do passado, da época da ditadura. Até hoje é algo que eu guardo com muito carinho com muita preciosidade e que continua a influenciar o meu trabalho como professor universitário e como pesquisador”, recordou.
Para acompanhar os trabalhos desenvolvidos pela Anistia Internacional, acesse o site.
Produção: Alessandra Dantas e Laura Portugal, sob orientação de Luiza Glória
Publicação: Alessandra Dantas