A caminho de seus 50 anos, evento quer reforçar caráter experimental e relação com a cidade
No último sábado, 23, o Conservatório UFMG sediou uma grande festa de encerramento do 48º Festival de Inverno da UFMG. Na ocasião, em entrevista à TV UFMG, Leda Maria Martins, professora da Faculdade de Letras e Diretora de Ação Cultural (DAC), destacou a especificidade do lugar ocupado pelo Festival de Inverno na própria Universidade e no campo da cultura. “O Festival não é um ajuntamento de eventos espetaculares. O espetacular é o modo como o seu conceito se traduz em uma série muito diversa de linguagens e de atividades”, disse.
Para Leda, essa particularidade é sinal de distinção para o Festival, e o seu maior mérito é não ceder às tentações de se conformar aos interesses do mercado. “Isso diferencia o Festival, que não abre mão de ser de um espaço de formação, de imersão, de experimentação, alternativo”, afirmou.
Mônica Medeiros Ribeiro, professora da Escola de Belas-Artes e coordenadora geral do evento, destaca que, em função do balanço positivo da edição que ora se encerra, fica o desejo de levar o evento a se aprofundar nessa sua característica histórica: a de ser um ambiente de fomento ao surgimento de grupos culturais alternativos e inovadores, a exemplo do Uakti, da Oficcina Multimédia, do Galpão e do Corpo, gestados no âmbito do Festival entre os anos 1970 e 1980.
“Encerrada esta edição, já estamos pensando em como organizar o Festival para que ele se aprofunde nessa sua característica tão importante, a de ser local de surgimento de novos grupos. Precisamos encontrar novos modos de organizar o evento para fomentar o espírito de imersão, que colabora para a experimentação”, diz.
A ideia, defende Mônica Ribeiro, é a de que o Festival estimule a formação de novas organizações culturais coletivas. “Nesse sentido, esta edição também foi um ‘esquenta’ para o Festival do próximo ano, que vai comemorar 50 anos. Em nosso trajeto, estamos nos atentando para algumas palavras em especial: imersão, experimentação, continuidade”, adianta.
Ao fazer um balanço da edição, a coordenadora lembrou a relação fomentada pelo Festival entre a Universidade e a cidade. “Estar em Belo Horizonte é ainda um grande desafio. Precisamos aprender a lidar com o tamanho da cidade, com a diversidade, com todas as cidades que existem dentro dela. Por outro lado, estar com espetáculos em tantos prédios públicos favorece a presença da Universidade, por meio do Festival, em Belo Horizonte”, comenta.
Interesse renovado
“Ao mesmo tempo, queremos aproximar ainda mais o evento de nossa comunidade acadêmica. Percebemos que as atividades que ocorreram no campus, como a abertura do Festival, contaram com um público significativo. Assistimos a uma retomada do interesse da comunidade acadêmica pelo evento. Temos que aprofundar essa relação", defendeu a professora Mônica.
Para a edição de 2017, algumas atividades certamente serão mantidas, entre as quais, as aulas abertas e o Festival Jovem. “O Festival Jovem veio para ficar. Seus resultados deixaram clara a importância de se ter um trabalho desse tipo direcionado às crianças", diz. “As aulas abertas, por sua vez, se consolidaram como atividade imprescindível para o Festival, especialmente devido ao seu deslocamento para as regionais”, destaca.
Ao todo, 25 aulas abertas - de oito modalidades que se repetiram em diferentes ocasiões e espaços da cidade - foram ministradas durante o Festival e reuniram 650 pessoas. Os eventos também foram destaque de público: as duas apresentações teatrais que tiveram o Teatro Francisco Nunes como palco lotaram a casa, que conta com mais de 500 lugares. As oficinas reuniram cerca de 300 alunos.