Livro reúne narrativas de 89 novos autores e autoras sobre ‘novo normal’ da pandemia
‘Antologia Retratos Pandêmicos’ pretende ser uma ferramenta para que as futuras gerações entendam como foi esse período da perspectiva de jovens, negros, indígenas, mulheres e LGBTQIA+
Os anos de 2020 e 2021 transformaram completamente a vida e o cotidiano de todo mundo. De um dia para o outro, fomos forçados a abandonar a nossa antiga rotina e a viver em isolamento, longe do contato e da presença dos outros. Apesar dos desafios impostos pela pandemia a todos, alguns grupos sociais sofreram os impactos desse período de maneira desproporcional. É nesse contexto que nasce a Antologia Retratos Pandêmicos - Textos Contemporâneos à Pandemia de 2020, que reúne produções assinadas por 89 autores jovens, negros, indígenas, mulheres e LGBTQIA+.
No livro, os escritores apresentam relatos e ficções em diferentes formatos sobre o “novo normal”, baseados nas vivências durante a pandemia de covid-19 no Brasil. As narrativas refletem, ao mesmo tempo, questões íntimas e coletivas e funcionam como um registro histórico das experiências difíceis e das transformações resultantes do período pandêmico. A antologia é fruto do projeto É Dia de Escrever, criado pela Editora Questione e a Diários de Viagem e contou com oficinas de escrita criativa, contações de histórias, leituras e interpretação de textos, além de outras ações para desenvolver e treinar a escrita dos autores”.
Para saber mais sobre a Antologia Retratos Pandêmicos, o programa Universo Literário dessa quinta-feira, 30, recebeu o produtor executivo do projeto É Dia De Escrever e organizador da publicação, Mario Matos Graça Junior. O convidado falou sobre as propostas da iniciativa que deu origem ao livro e contou como foi realizada a seleção e orientação dos escritores iniciantes, de forma remota, devido à pandemia. Os autores participaram de todo o processo de criação, ilustração e até mesmo da escolha do título, através de discussões conjuntas das ideias de cada grupo.
Junior explicou que os 89 escritores tiveram seus trabalhos divididos em 5 grupos, de acordo com os subtemas que permeiam suas narrativas: Jovens, Negritudes, LGBTQIA+, Mulheres e Indígenas. O resultado foi a produção de 69 textos, considerando que o grupo indígena optou pela produção de um único texto, idealizado e escrito de maneira totalmente coletiva. O organizador também comentou sobre a surpreendente diversidade de temáticas das publicações, mesmo dentro de grupos particulares, o que, segundo o entrevistado, levou a obra a ultrapassar expectativas e lançar 550 cópias, 250 a mais do que o previsto inicialmente.
Para Junior, isso também é um reflexo da dimensão atemporal dos textos. “O que a gente pensou era exatamente isso, serem textos para que, quando alguém, daqui a cinquenta, noventa, cem anos, ler essa antologia, tenha exatamente esse retrato do que foi essa pandemia para aquele grupo”, explicou. O É Dia de Escrever pretende agora ampliar o projeto, de acordo com o produtor, em busca de trabalhar também com escolas públicas e particulares, bibliotecas, casas de cultura e empresas. A ideia é que, seja com edições maiores ou menores, a iniciativa nunca pare.
Ouça a entrevista completa pelo Soundcloud.
A Antologia Retratos Pandêmicos - Textos Contemporâneos à Pandemia de 2020 é publicada pela Editora Questione. O livro pode ser encontrado no site do É dia de escrever, onde também é possível acompanhar e ler mais sobre o projeto. A antologia também está disponível como audiolivro no Spotify e para download no site.
Produção: Alexandre Miranda e Nicolle Teixeira, sob orientação de Alessandra Dantas e Luiza Glória
Publicação: Enaile Almeida, sob orientação de Alessandra Dantas