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Atleta do CTE-UFMG supera limites para disputar os Jogos Paralímpicos

Izabela Campos é deficiente visual e arremessou discos em Tóquio; vídeo da TV UFMG aborda o trabalho feito no Centro

Izabela ficou na sétima posição em Tóquio
Izabela ficou na sétima posição em Tóquio Acervo CPB

Com disputas em 22 modalidades, os Jogos Paralímpicos de Tóquio tiveram início na última terça-feira, 24 de agosto. O Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) anunciou que a delegação brasileira tem 253 integrantes – incluídos aí atletas sem deficiência, como os guias, calheiros, goleiros e timoneiros. Desde o início da competição, o Brasil se destaca e ganha medalhas em diversas modalidades, como no caso de Elizabeth Gomes, que ganhou medalha de ouro no lançamento de disco da classe F53 (atletas com deficiência nos membros inferiores) e  é recordista mundial.  

Também competidora no lançamento de disco, mas na categoria F11, para deficientes visuais, a mineira Izabela Campos, integrante do Centro de Treinamento Esportivo (CTE) da UFMG, fez sua participação nesta segunda, 30 de agosto, e ficou na sétima posição. “Estou na minha terceira paralimpíada, mas é como se fosse a primeira. É o mesmo frio na barriga, é o mesmo sentimento, são as mesmas emoções”, afirmou.

Izabela revela como se descobriu no atletismo de campo, em que já obteve grandes marcas – em 2019, ficou com o ouro nos Jogos Parapan-americanos de Lima, no Peru. “Me iniciei no esporte porque precisava de uma atividade física para perder peso. Quando comecei, eu pesava 115 quilos. A procura por uma atividade física me fez conhecer o esporte.”  

O Centro de Treinamento Esportivo da UFMG conta com equipe médica multidisciplinar, composta de psicólogo, nutricionista, ortopedista, fisioterapeuta, entre outros profissionais. Segundo Ivam Bertelli, treinador do CTE, sua função é extrair do atleta o que ele tem de melhor, nos aspectos técnico, físico e psicológico. Sobre a experiência na preparação de Izabela Campos, o treinador conta que “ela já tinha uma atividade física e uma coordenação muito boas. E, por ser deficiente visual, tinha uma noção espacial muito grande, então foi muito mais fácil”.  

Adaptação no Japão
Segundo a professora Andressa Mello, coordenadora de Esporte Paralímpico do CTE-UFMG, o trabalho é feito com atletas com deficiência física, visual e intelectual. Atualmente, o Centro trabalha com taekwondo, atletismo, natação e levantamento de peso. “Nossa grande missão é acompanhar essas crianças, adolescentes e adultos com deficiência e dar condições para que eles cheguem no mais alto rendimento possível, cada um na sua modalidade”, diz a coordenadora.  

Para as competições em Tóquio, foi necessário tomar uma série de medidas especiais. Andressa Mello relata que foi feita adaptação por 10 a 12 dias em Hamamatsu, antes da chegada à vila paralímpica, na capital japonesa. Lá, eles passaram por processo de ambientação, por causa das diferenças com relação ao Brasil. “Para cada hora de fuso atravessada, é necessário em torno de um dia para sincronizar com nosso ritmo biológico de claridade e escuridão. Foi por meio de ações educativas que a gente conseguiu passar a adaptação para alguns dos atletas que estão hoje competindo em Tóquio”, conta.  

Ivam Bertelli, o treinador de Izabela, afirma que o esporte paralímpico resgata o indivíduo para a sociedade e, dentro das possibilidades, transforma-o em um ou uma atleta. “No resultado final, vai ser muito bom se ele for um atleta. Mas, se não for, vamos dar condições para que ele se desenvolva na vida cotidiana e se sinta capaz de fazer tudo aquilo que bem quiser."

Equipe: Miryam Cruz e Victor Rocha (produção e reportagem); Márcia Botelho (edição de imagens) e Naiana Andrade (edição de conteúdo)