Banco genético é esperança para famílias de pessoas desaparecidas
Geneticista da UFMG explica como a coleta do DNA é feita pela Polícia Civil
Parceria entre o FBI e o Ministério da Justiça e Segurança Pública trouxe uma nova ferramenta para ajudar na busca de pessoas desaparecidas. O Banco de Perfis Genéticos têm acelerado a solução de diversos casos, antes impossibilitados, utilizando o cruzamento genético entre familiares de familiares e da pessoa desaparecida. Segundo o perito criminal Giovanni Vitral, esse serviço funciona em todo país por meio da coleta feita pelo Instituto Médico Legal (IML) onde os próprios estão cadastrados em um software que busca compatibilidade.
A artesã Jandira Araújo descobriu por meio de uma campanha do IML, em Anápolis, Goiás, que poderia fazer o exame genético de graça. A coleta do DNA dela para o cruzamento de dados foi realizada com um exame que retira material genético da bochecha que, segundo a geneticista da Escola de Enfermagem da UFMG, Luciana Bastos, é uma das formas menos invasivas de se fazer esse teste. “Mas tanto uma análise de uma célula de cabelo, da pele ou até mesmo células sanguíneas nos garantem uma sequência efetiva, a gente vai conseguir analisar aquela sequência de DNA da mesma forma e chegar ao objetivo que seria essa identificação única de cada ser humano” , explica Luciana Bastos.
A delegada da Divisão de Pessoas Desaparecidas de Belo Horizonte, Bianca Landau, alerta que antes mesmo desse processo de teste genético, o primeiro passo é fazer o boletim de ocorrência sobre o desaparecimento. Quanto mais rapidamente o solicitante agir levando o máximo de informações, maiores são as chances de se encontrar o desaparecido com a vida. Ainda segundo a delegada, é fundamental, também, levar uma foto para a confecção do cartaz que ajudará nas buscas. Só depois de 30 dias do desaparecimento, o teste genético pode ser feito e as informações passam a integrar o banco nacional de perfis genéticos para o prosseguimento à investigação.
Ainda de acordo com o perito criminal Giovanni Vitral, o resultado da investigação nem sempre é a resposta que o familiar quer ouvir, pois em alguns casos é apenas achada a ossada do desaparecido e é com esse material que é feito no exame de checagem genética. “Ele quer descobrir que seu parente tá vivo, mas também a gente acredita que pelo menos, independente da resposta, o familiar pode dar continuidade, pode vivenciar o luto dele, pode passar para uma próxima etapa da vida”, afirmou.
Algumas famílias já receberam esse retorno dos órgãos públicos, como é o caso da artesã Jandira Araújo. Ela diz uma ligação dizendo que o corpo do filho havia sido encontrado e disse que é um ciclo, que se fecha. “Eu enterrei ... sepultei os ossinhos dele e, agora, sei que ele está lá no cemitério. Está nos braços do Senhor! ”, Conta emocionada.
Entrevistados: Jandira Araújo, mãe de rapaz desaparecido; Bianca Landau, delegada da divisão de pessoas desaparecidas - BH; Luciana Bastos - geneticista; Giovanni Vitral - perito criminal
Equipe: Luiza Galvão, Naiana Andrade e Miryam Cruz (produção); Marcia Botelho (edição de imagens); Naiana Andrade (edição de conteúdo)