CTVacinas registra primeiro caso de subvariante responsável por nova onda de covid-19
Trata-se da BQ1.1, que tem capacidade para 'driblar" o sistema imunológico
Equipe do CTVacinas da UFMG, que integra as redes Vírus e Corona-Ômica BR, ambas do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), registrou, pela primeira vez, a circulação da subvariante BQ1.1 do Sars-CoV-2 em Minas Gerais. Trata-se da variante responsável pela nova onda de covid-19.
As pessoas contaminadas com a nova subvariante da Ômicron no estado são um homem de 26 anos e uma mulher de 24 anos. Ambas as amostras são de Belo Horizonte e foram detectadas por testes com swab nasofaríngeo entre os dias 25 de outubro e 1º de novembro. A subvariante foi identificada por meio de mutações encontradas nas amostras cujo sequenciamento genético foi feito por meio da metodologia Sanger, que amplifica a região da espícula do Sars-CoV-2, o hotspot de mutações.
Segundo o professor Flávio da Fonseca, pesquisador do CTVacinas da UFMG e integrante da CâmaraPox do MCTI, a detecção de novas subvariantes é importante porque possibilita que os governos se preparem para enfrentar novas fases da pandemia. "O manejo da doença é essencial. Em se tratando de uma subvariante mais infecciosa, a preparação contribui para que centros de saúde ampliem as ações de vacinação e para que hospitais e unidades de pronto-atendimento (UPAs) se organizem para o aumento do número de casos. Isso só é possível porque monitoramos o surgimento de novas variantes", diz.
Além das ações governamentais, o acompanhamento de novas variantes também auxilia no cuidado com pessoas mais vulneráveis. "Os idosos e as pessoas com comorbidades, quando avisadas da circulação de uma nova forma do vírus, podem se prevenir deixando de frequentar lugares mais cheios e retomando o uso de máscaras. Então, é importante estarmos atentos à evolução do Sars-CoV-2."
Vacinas protegem
O professor Flávio da Fonseca conta que a nova subvariante também foi descrita em outros estados brasileiros e já é dominante em alguns países, o que ele acredita que ocorrerá no Brasil. O pesquisador destaca que, apesar de a nova subvariante da Ômicron ser capaz de realizar o escape imune, ou seja, "driblar" os anticorpos gerados por vacinas ou por infecções prévias, os imunizantes ainda são essenciais porque "sustentam a proteção contra óbitos e doenças graves". Por isso, ele enfatiza, "é importante que as pessoas mantenham o esquema vacinal em dia, ou seja, tomem todas as doses de reforço já disponibilizadas em suas cidades".
Segundo ele, em alguns países já estão sendo aplicadas vacinas bivalentes, consideradas mais eficazes contra a Ômicron e suas subvariantes. Porém, pesquisas já demonstraram que as vacinas de primeira geração, como as disponíveis no Brasil, também mantêm bom grau de proteção contra as novas subvariantes, principalmente no caso de agravamento da covid-19.
"As vacinas que temos no país ainda protegem contra óbitos e casos mais graves da doença. A pandemia não acabou, e o Sars-CoV-2 deve se transformar em uma endemia, como ocorreu com o vírus da influenza, com o qual também tivemos que aprender a conviver. Graças às vacinas, creio que não veremos um índice de óbitos e internações como ocorreu em 2020 e em 2021", conclui Flávio da Fonseca.