Especialistas da UFMG alertam sobre os riscos de se normalizar a covid-19
Sequelas afetam vacinados e assintomáticos; mesmo imunizadas, pessoas com comorbidades têm mais chances de contrair formas graves da infecção
Uma das principais realizações da ciência nos últimos anos foi o rápido desenvolvimento de vacinas contra a covid-19. Elas salvam vidas e minimizam drasticamente a possibilidade de casos graves da doença. No entanto, a ciência continua produzindo estudos que mostram que somente a vacinação não basta para combater o coronavírus. Cuidados básicos, como o uso de máscara PFF2 e a prática do distanciamento social, devem continuar. Isso porque a doença pode provocar sequelas mesmo em pessoas assintomáticas ou imunizadas. A vacinação também não elimina totalmente o risco de morte ou internação.
Ainda que em pequeno número, se comparado aos de não vacinados, há pessoas vacinadas no Brasil e em outras partes do mundo que contraíram formas graves da infecção, e alguns desses casos resultaram em óbito. De acordo com estudo da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), divulgado no fim de 2021, após a disponibilidade da vacina, 20% das mortes por covid-19 no Brasil ocorrem entre pessoas vacinadas. Além disso, levantamento divulgado pela Prefeitura de Belo Horizonte, no início de 2022, revela que, entre os internados por covid-19 com quadros graves no Sistema Único de Saúde (SUS), 19% são de pessoas vacinadas.
Outros estudos realizados no mundo mostram que as sequelas da covid-19 podem acometer assintomáticos e pessoas vacinadas. É o que diz pesquisa da Universidade de Mainz, na Alemanha. Com conclusão similar, investigação da organização Fair Health, dos Estados Unidos, indica que 25% das pessoas que tiveram covid-19 desenvolveram sequelas graves, incluindo os assintomáticos.
Diante desse cenário, vale questionar: devemos normalizar a infecção por covid-19 apenas porque estamos vacinados?
Para a professora do programa de pós-graduação em Saúde Pública da Escola de Enfermagem da UFMG Fátima Marinho, a conjuntura da pandemia ainda é crítica, e deve-se estar atento aos severos impactos advindos do aumento no número de casos da doença.
A professora associada da Escola de Enfermagem Deborah Malta defende, por sua vez, que as medidas de segurança sanitária e a vacinação em massa da população precisam continuar sendo incentivadas.
Equipe: Daniel Mendes (produção), Marcelo Duarte (edição de imagens) e Ruleandson do Carmo (edição de conteúdo)