Estudo da Arquitetura sobre inclusão social no planejamento urbano ganha prêmio nacional
Um estudo sobre o desafio da inclusão social nos projetos de planejamento participativo de Belo Horizonte foi contemplado, neste mês, com o Prêmio Brasileiro Política e Planejamento Urbano e Regional, categoria dissertação de mestrado. Linguagem técnica e (im)possibilidades para a produção democrática do espaço urbano: uma análise a partir de duas experiências participativas em Belo Horizonte, de Thaís Mariano Nassif Salomão, recebeu o prêmio da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional (Anpur).
Orientada pela professora Denise Morado Nascimento, a dissertação investiga a relação entre técnicos e cidadãos em dois processos participativos de planejamento urbano: a Operação Urbana Consorciada Antônio Carlos/Pedro I + Leste-Oeste e o Plano Global Específico da Vila Mantiqueira.
Thaís desenvolveu estudo interdisciplinar sobre planejamento urbano que estabeleceu interfaces com a ciência política, pois envolveu conceitos da teoria democrática, e com a comunicação, já que procurou analisar esses eventos por meio dos procedimentos de interação usados pelos sujeitos que deles participavam.
O trabalho foi estruturado com base no acompanhamento presencial e em entrevistas com participantes e técnicos responsáveis pelos processos. Os discursos desses interlocutores foram expostos em citações diretas, que ancoraram e reforçaram as percepções da pesquisadora.
Thaís Nassif conta que identificou formas de exclusão – interna e externa – provocadas pelo discursos técnicos. “A exclusão externa se dava, por exemplo, quando o projeto se encontrava predefinido ou quando a agenda de discussões dos fóruns era muito rígida, induzindo a forma de os cidadãos participarem das decisões. A exclusão interna ocorria quando os participantes demonstravam insegurança, constrangimento e hesitação em suas próprias capacidades de se integrar aos debates", diferencia a autora.
Com todas essas dificuldades, Thaís considera que esses processos de participação se constituíram em importantes espaços de questionamento das relações de poder. “Apesar da rigidez dos fóruns, diversos participantes conseguiram se apropriar de informações técnicas e conjunturas políticas que contribuíam para a construção de uma inteligência coletiva em defesa de seus interesses, convicções e desejos”, explica a pesquisadora, que defendeu a dissertação no Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo (NPGAU), em setembro de 2016.
Menções honrosas
Dois outros trabalhos do NPGAU receberam menção honrosa da Anpur: as teses de doutorado A hipótese otimista: dialética e utopia das áreas verdes, das áreas protegidas e da trama verde e azul, de autoria de Ana Carolina Pinheiro Euclydes, e As (in)constâncias da urbe selvagem, de Marcos Felipe Sudré Saidler, ambas orientadas por Roberto Monte-Mór, da Faculdade de Ciências Econômicas, que também é docente do Programa.
Dissertações defendidas no IGC também foram lembradas com menção honrosa: A produção do espaço no eixo sul da metrópole de Belo Horizonte: o Instituto Inhotim (Brumadinho-MG) e o fetichismo da natureza, de Laura Amaral Faria, orientada pela professora Doralice Barros Pereira, e O ônibus, a cidade e a luta: a trajetória capitalista do transporte urbano e as mobilizações populares na produção do espaço, de André Henrique de Brito Veloso, que foi orientado pelo professor Klemens Augustinus Laschefski e coorientado pela professora Rita de Cássia Lucena.
Fundada em 1983, a Anpur é uma entidade sem fins lucrativos, que congrega programas de pós-graduação e entidades brasileiras engajadas em atividades de incentivo ao ensino e à pesquisa no campo dos estudos urbanos e regionais. Em 1997, a associação criou o prêmio, bienal, que contempla as categorias Livro, Tese de doutorado e Dissertação de mestrado.